CELULAR CLONADO? Como descobrir se o seu smartphone está sendo espionado

Se você acha que espionagem digital é coisa de filme ou de governos em busca de terroristas, é melhor rever os seus conceitos. Na web, uma série de sites vendem aplicativos que prometem acesso a mensagens, chamadas, localização e arquivos de fotos e vídeos de terceiros. Mas será que é tão fácil assim ser monitorado por um app espião?

Especialistas dizem que sim. A boa notícia é que existem formas de evitar esse tipo de rastreamento. Para isso, é importante saber que há dois jeitos principais de instalar um spyware (software espião) no seu celular: por meio do contato físico com o aparelho ou pelo envio de links.

“A partir do momento em que você coloca esse app no celular e dá a ele certas permissões, é possível ativar o microfone e a câmera remotamente, acessar arquivos de fotos e vídeos, interceptar chamadas telefônicas e aplicativos de mensagem”, diz Frank Souza, especialista de privacidade e segurança do dfndr lab, da empresa Psafe.

Assim, a primeira dica é: evite emprestar o seu celular e defina uma senha para o desbloqueio do aparelho. Veja como configurar um código abaixo.

No iPhone

  • Vá no menu Ajustes. Dependendo do modelo do seu iPhone, procure o botão Código, Touch ID e Código ou Face ID e Código. Em seguida, clique em Ativar ou Alterar Código.

No Android

  • Vá para Configurações e acesse o menu de Segurança. Em seguida, clique em Bloqueio de tela e atribua um PIN.

A segunda dica é: sempre desconfie de links ou programas enviados por outras pessoas e nunca abra se você não tiver certeza de que ele é seguro.

Por último, baixe um antivírus no seu celular e faça varreduras periódicas. Ele pode sinalizar links ou apps não confiáveis.

“Se outra pessoa tem a sua senha de desbloqueio, alguns antivírus têm a opção de configurar um código específico para baixar e instalar novos programas”, explica Marcos Simplicio, professor e pesquisador no LARC-USP (Laboratório de Arquitetura e Redes de Computadores da Universidade de São Paulo).

Como saber se eu estou sendo espionado?

A maioria dos apps espiões, aqueles que são instalados manualmente, pode ficar invisível no menu do celular. Outro problema é que eles não costumam dar sinais muito evidentes de que o aparelho está sendo rastreado.

Para detectar um software malicioso, o primeiro passo é verificar no menu Ajustes (iPhone) ou Configurações (Android) se você reconhece todos os aplicativos listados.

Além disso, veja quais apps têm permissão para acessar o microfone, a câmera, as fotos e o serviço de localização.

Caso identifique algum item que não tenha baixado, é só desinstalar a ferramenta.

“Isso funciona bem para os aplicativos mais simples. Já aqueles que exploram uma falha de segurança, só um antivírus pode detectá-lo”, explica Souza.

Fique de olho se aumentou significativamente o consumo de dados ou da bateria, ou se ferramentas foram acionadas sem a sua permissão.

“Por exemplo, você percebe que o 3G ou 4G, o Bluetooth ou alguma ferramenta de localização é ativada sem que você tenha feito isso. Esses podem ser alguns sinais de um espião. O problema é que um bom spyware não dá dicas”, diz o professor da USP.

Espionar o celular pode ser crime

O artigo 10 da Lei 9296/96 define como crime “realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática, promover escuta ambiental ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei”.

Nesses casos, a pena prevista é de prisão, de dois a quatro anos, e multa.

Mas, segundo o advogado Renato Opice Blum, coordenador do curso de direito digital e proteção de dados do Insper, há algumas exceções. “Em tese, os pais poderiam fazer esse monitoramento dos filhos até os 18 anos”, diz.

Outro caso em que há possibilidade legal é quando o empregado usa um celular corporativo.

Quem tem o celular invadido por um cibercriminoso, além do crime de interceptação de comunicação, o autor pode ser enquadrado na Lei Carolina Dieckmann (Lei 12.737/2012).

O texto prevê pena de detenção, de três meses a um ano, e multa para quem violar dispositivos de segurança com a finalidade de “obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita”.

Nos casos previstos em lei, a pessoa que tem o celular espionado pode procurar a polícia, para que se abra uma investigação criminal, e pode entrar com um pedido indenização por danos morais.

“Isso tudo depende da situação, mas, em geral, a vítima que descobre que teve o aparelho invadido deve, antes de qualquer coisa, procurar um profissional da área técnica e outro da jurídica. Eles vão saber como garantir que as provas do crime não sejam destruídas”, recomenda Opice Blum.

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