Fest Aruanda faz homenagem a Zezé Motta e traz Xica da Silva para a tela grande do cinema

“Xica da…Xica da…Xica da…Xica da Silva, a negra”. Zezé Motta em cena, deslumbrante, a voz e o violão de Jorge Ben. A sala cheia, e o público impactado com aquilo. O ano? 1976. Xica da Silva estava entre os “subversivos” que o crítico José Carlos Avellar comentou no Jornal do Brasil. Os outros? Creio que Um Estranho no Ninho, de Milos Forman, e Ludwig, de Luchino Visconti.

Dirigido por Cacá Diegues e estrelado por Zezé Motta, Xica da Silva, com sua força extraordinária e seu grande apelo popular, parecia nos dizer: “Olha, o Cinema Novo, com seus caminhos tão difíceis, também conduziu a isto”. Quem foi testemunha sabe como era.

Lembrei disso agora por causa de mais um Fest Aruanda. A abertura da edição de número 17 desse importante festival de cinema será às sete e meia da noite desta quinta-feira (01), em João Pessoa, numa das salas do Cinépolis, no Manaíra Shopping. Zezé Motta receberá homenagem por sua trajetória de atriz e cantora, e haverá exibição de Xica da Silva.

A sessão de abertura terá também homenagens póstumas ao jornalista, poeta e cineasta Jurandy Moura e ao encenador e cineasta Eliézer Rolim. Está programada ainda a exibição do documentário de curta-metragem A Vida Simples de Jurandy Moura, de Marcus Vilar e Lúcio Vilar.

Veja também  Cantora que fez muito sucesso na década de 80 morreu longe da fama

Para fechar, volto a Xica da Silva, recorrendo a uma entrevista de Cacá Diegues à Folha de S. Paulo: “Era fascinado pela história dela. Além disso, resolvi fazer o filme porque estávamos vivendo um período horroroso da ditadura. Não podia fazer o que queria, era uma tristeza. Eu achava que ceder a essa tristeza seria um ponto dado para eles. Pensei que o riso era uma forma de reação, uma resposta à depressão”.

Xica da Silva, de fato, era uma resposta eficaz àquela tristeza. Como o filme, também a música composta e cantada por Jorge Ben.

Mostrar mais
Botão Voltar ao topo