Braiscompany, pirâmide financeira, Lucas Veloso e a lição valiosa de que dinheiro não cai do céu

Como aprendemos desde pequenos com nossos pais, dinheiro caindo do céu. E muitos brasileiros e paraibanos, em especial, estão lembrando da veracidade dessa lição valiosa da pior forma com a empresa campinense Braiscompany.

Desde semana passada, não se fala de outro assunto na imprensa paraibana. Isso porque a financeira, autointitulada gestora de criptomoedas, fundada por um empresário campinense: Antônio Inácio Soares (Ais) Neto, recebe investimento de pessoas da alta sociedade paraibana, incluindo artistas, políticos e desportistas.

A financeira promete ganhos exorbitantes, jamais vistos no mercado em alguma empresa série: algo em torno 80% ao ano. Ou seja, se alguém investir R$ 100 mil, sai com R$ 180 mil após 12 meses.

Ou seja: ou Ais é um gênio, que superou inclusive o maior investidor que se tem conhecimento na história, Warren Buffet (conseguia retorno de no máximo R$ 1,65% ao mês, ou seja, 19,8% em um ano), ou é o cabeça de uma pirâmide financeira fadada ao colapso.

E ao que tudo indica, é justamente por colapso que Braiscompany está passando. O final de dezembro marcou o segundo mês consecutivo na qual a Braiscompany atrasa o pagamento dos rendimentos aos investidores. São dezenas de reclamações no Reclame Aqui e nas páginas da empresa nas redes sociais (rapidamente apagados pela equipe de marketing) com pessoas dizendo que ou receberam o pagamento com atraso ou sequer receberam ainda.

Foi nesse contexto que o comediante paraibano Lucas Veloso, filho do saudoso Shaolin, gravou um vídeo denunciando calotes que teria sofrido da financeira, pedindo perdão a seguidores por ter propagandeado a empresa e ameçando expor podres da empresa. Ais, por sua vez, gravou um vídeo ameaçando processar o artista por difamação.

O empresário também compartilha dezenas de vídeos e depoimentos de famosos como Popó, Ranniery Gomes e uma dúzia de subcelebridades (e anônimos também) elogiando a empresa, a pontualidade do pagamento e a suporte oferecido por ela. Neste aspecto, é até crível que eles tenham se manifestado de maneira espontânea, sem uma remuneração para tal.

Talvez o que eles não entendam é como funciona um esquema de pirâmide. No começo e enquanto tem gente entrando no esquema, realmente as pessoas que investiram lucram (e muito) com a parada. Porém, uma hora, o esquema colapsa e as pessoas que entraram posteriormente ficam no prejuízo. É justamente o que está acontecendo agora.

Para saber se a operação é sustentável, ou não, é simples: basta imaginar o que ocorreria se todos os investidores resolvessem tirar o dinheiro empenhado de uma vez só. Vocês acham, sinceramente que a Braiscompany teria lastro para pagar todo mundo? Se já está atrasando agora, com gente ainda entrando no esquema…

É muito triste imaginar o que vai acontecer nos próximos meses com milhares de pessoas que confiaram em um empresário que, com palavras bonitas e conceitos complexos com elementos da nossa atualidade, a exemplo das criptomoedas, roubou os seus sonhos. O prejuízo será incalculável. Teve gente que investiu dinheiro de venda de carro, apartamento, de rescisão salarial…

Fica, mais uma vez, e sempre, a lição de que não existe uma solução, uma fórmula mágica para se fazer dinheiro. Fujam de quem promete isso. E pesquisem quem é está prometendo isso. Ais e sua esposa/sócia, Fabricia Ais, respondem a dezenas de processos na Paraíba, inclusive por participação no golpe do D9 Club, que lesou investidores em mais de R$ 200 milhões.

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