Quem está com o nome sujo pode pedir empréstimo? Veja opções

Você tem dívidas, está com o nome sujo, mas precisa de mais crédito? Com a situação econômica cada vez mais delicada e contas que só aumentam, onde um negativado pode conseguir um empréstimo?

O levantamento feito pelo Mapa da Inadimplência e Renegociação de Dívidas no Brasil, realizado pela Serasa, aponta que 65 milhões de brasileiros tinham dívidas em fevereiro, uma alta de 0,54% em relação a janeiro.

O valor médio dessas dívidas subiu para R$ 4.000 nos primeiros dois meses deste ano (até dezembro de 2021, girava em torno de R$ 3.500)

Alberto André, CEO do Plusdin, uma fintech que oferece conteúdo de educação financeira e ferramentas para orientação sobre como usar o dinheiro, explica que, quanto maior é a dívida da pessoa, mais difícil é conseguir conseguir aprovação de bancos e financeiras.

Ele indica algumas opções. “Alguns exemplos de empresas confiáveis que realizam empréstimo para negativados são: Jeitto, Finanzero, Creditas e Banco do Brasil.”

Para saber qual empréstimo pode ser a melhor opção, é necessário observar o Custo Efetivo Total (CET), que é o quanto você vai pagar no total pelo empréstimo (valor tomado mais soma de juros, tarifas e encargos). Esse dado é obrigatório em todo contrato.

Empréstimo consignado
Esse tipo de empréstimo é mais comum para quem é funcionário público, aposentado ou pensionista do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

As parcelas são descontadas diretamente do salário ou da aposentadoria. Ou seja, uma parte da renda fica comprometida antes de o dinheiro chegar ao cliente.

O crédito consignado é um dos empréstimos mais baratos do mercado. É possível consultar a lista de quanto é cobrado por todos os bancos neste link do Banco Central.

Quem trabalha em uma empresa privada também pode conseguir esse empréstimo. Porém, caso fique desempregado, terá de quitar o empréstimo de uma vez só. Além disso, é comum o contrato de consignado prever o desconto de até 30% do valor recebido na rescisão no caso de demissão. É importante conferir as regras atentamente com o banco antes de assinar o contrato.

Penhor
Muito frequente nos anos 80 e 90, o penhor ainda existe. É quando você oferece um bem ao seu credor como forma de garantia do cumprimento de uma dívida. Se o acordo for descumprido, você perde o bem. O mais comum é o penhor de joias, que cobra taxa de juros de aproximadamente 2% ao mês. Nesse caso, apenas a Caixa Econômica pode fazer.

Para contratar, é preciso ir a uma das agências que estão habilitadas com os bens que serão empenhados e apresentar RG, CPF e comprovante de residência. Lá mesmo será feita uma avaliação para determinar o valor das peças.

Um prazo é definido e, ao final dele, as joias são devolvidas de acordo com o cumprimento. Se o pagamento não for realizado em até 30 dias depois do prazo final, os bens vão a leilão.

Empréstimo com garantia
Aqui, o empréstimo é feito com algo que possa ser usado em troca. Pode ser uma casa, um carro, até mesmo um telefone celular. Um imóvel, por exemplo, costuma gerar uma taxa de juros menor, porém o valor do empréstimo não pode ultrapassar 60% de quanto vale o imóvel —é uma empresa terceirizada quem faz a avaliação. A liberação do crédito dessa forma é mais burocrática.

O empréstimo com garantia de veículo é comumente chamado de refinanciamento. Costuma ter condições de pagamento mais vantajosas em relação aos empréstimos, como juros mais baixos, valores mais altos e prazos mais elásticos.

Além disso, as chances de ter o crédito aprovado são maiores, já que o veículo colocado em garantia reduz o risco de inadimplência para a instituição financeira. É importante se atentar ao banco que você vai escolher, pois pode haver regras diferentes sobre qual tipo de bem é possível refinanciar.

Empréstimo com garantia do FGTS
É uma opção para quem opta pelo saque-aniversário e tem mais de R$ 300 no fundo.

Essa modalidade de empréstimo adianta o valor que seria sacado no mês do aniversário e o disponibiliza em qualquer período do ano.

A garantia da operação, nesse caso, é o próprio saldo que foi pedido de forma antecipada.

Exemplo: se você pediu o saque-aniversário, mas nasceu em dezembro, só teria direito de recebê-lo nesse período. Porém, se optar pelo adiantamento, vai receber esse valor antes.

Mas, atenção: nem tudo é tão fácil assim. Há cobrança de juros, que variam dependendo do banco escolhido. O valor da dívida é pago quando chega o mês do seu aniversário.

Praticamente todos os bancos — até os digitais — oferecem a antecipação do valor do FGTS. Aí cabe escolher qual oferece a menor taxa de juros (que, em geral, é entre 2,5% e 3% ao mês).

Microcrédito
Assim como o Empréstimo SIM Digital, da Caixa, este é voltado para pequenos empreendedores com faturamento anual bruto de até R$ 200 mil e desejam ampliar o negócio.

Também serve para quem quer abrir a própria empresa, como diaristas, cabeleireiros, vendedores de cosméticos, entre outros. A taxa de juros também depende de onde você vai contratar o crédito, mas dificilmente sai dos 4% ao mês.

Praticamente todos os bancos, incluindo os digitais, oferecem essa possibilidade.

Financeiras
Os especialistas ouvidos pela reportagem afirmam que a diferença entre a taxa de juros cobrada pelas financeiras (ou cooperativas de crédito) e dos bancos pode variar até 20% para menos.

Isso acontece muito pela própria estrutura, já que bancos têm mais funcionários, equipamentos, e toda a manutenção necessária. As financeiras são menores, demandam menos trabalhadores, e necessitam de pouca infraestrutura.

Porém, não é uma regra. O histórico bancário do cliente é sempre consultado. Se é um bom pagador, por exemplo, pode ter acesso aos juros mais baixos (esse histórico também é levado em conta pelos bancos).

As financeiras são regulamentadas pelo Banco Central, e não podem exigir nenhum tipo de valor adiantado para fazer um empréstimo. É possível consultar se a financeira está regulamentada ou não pelo site do Banco Central.

O “passado” do cliente também é levado em conta para o empréstimo sem garantia. Algumas financeiras não pedem “nada em troca”, a não ser o pagamento da dívida, claro.

Há financeiras que cobram de 2% a 20% de juros ao mês, dependendo do valor emprestado.

Dicas importantes
O consultor financeiro Jorge Bizarro lembra que as financeiras que atuam em todo o país também podem ser contratadas, mas todas vão exigir algo em garantia para que o empréstimo seja quitado.

“Na prática, é tapar um buraco cavando outro. Agora, se for por uma questão momentânea, algo que o cliente sabe que tem começo, meio e fim, pode ser uma opção — muito cara, por sinal. Porém, se o endividamento for crônico, pouco vai melhorar. Aí recomendo procurar um especialista financeiro para tentar ajudar a desenhar um plano de saída”, aconselha.

A escritora e planejadora financeira Rosielle Pegado considera que o risco principal de fazer esses empréstimos é que não haja uma avaliação exata da situação financeira da casa.

“Há também o risco de ficar emocionalmente vulnerável, a pessoa estar tão desesperada financeiramente que não consegue avaliar as ofertas do mercado e acaba caindo em fraude ou aceitando taxas abusivas”, afirma.

Rosielle tem uma dica para saber se sua dívida não é um buraco sem fundo.

O ideal é que todas as dívidas não superem 20% do quanto você recebe. Nessa conta, entra tudo: parcela de carro, gastos com contas de luz, água etc. Se o empréstimo que você vai pedir ainda fica dentro desse limite, a chance de você conseguir quitá-lo é grande.

“Agora, se você vai fazer um financiamento de uma casa, por exemplo, aí você pode considerar um comprometimento de até 30% do quanto você ganha. Mas isso são números variáveis, servem apenas de base”, esclarece.

O importante é sempre analisar as opções com cuidado para não cair em armadilhas ou acabar pagando juros muito altos.

Os especialistas lembram um detalhe: independentemente do tipo de empréstimo, certifique-se de que a instituição com quem você quer fechar negócio esteja registrada e autorizado pelo Banco Central. É possível consultar a situação nesta página.

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