Elba Ramalho comemora 70 anos e relembra trajetória: ‘Parece que tenho 25’

Elba Ramalho, por ela mesma, aos 70 anos de vida completados amanhã, traz “rugas, dores musculares e um monte de coisas normais que chegam com a idade”. Cronologicamente, ao menos, já que “Para algumas coisas, parece que eu tenho 25 aninhos”.

E não há quem conteste, porque do lado de cá, quem a vê – outrora em palcos Brasil afora e atualmente em lives pela televisão – confirma os dizeres da paraibana que ao longo de mais de 40 anos de trajetória mantém o pique de sonoridades que passam pelo baião, xote, forró, MPB, frevo e maracatu, compondo ainda trilhas sonoras de novelas e “Grandes Encontros” como cantora, compositora e ardente defensora da musicalidade nordestina.

“Eu me orgulho da minha trajetória, costumo dizer que construí um castelo com as pedras que encontrei pelo caminho. É claro que me equivoquei muito, mas faz parte da vida, do aprendizado. Viver é um desafio diário e procurar ser uma pessoa melhor a cada dia é um esforço infinito”, complementa ela em conversa com a Folha de Pernambuco.

Com 39 álbuns gravados e em processo de reinvenção contínua desde os primeiros passos nos idos anos de 1970, Elba segue essencial por entre folguedos tradicionais do Nordeste e palcos solos ou divididos, e como se por ali estivesse pela primeira vez, valida o elo que mantém com a música e seu público. “Minha relação com o palco é muito especial, é onde eu me sinto mais viva (…). É transformador e a energia do público é difícil de explicar. No Carnaval, minha equipe diz que devo me poupar no Galo, que é só o início da folia, mas quando chega a hora do trio na avenida, esquece o planejamento, esquece o cansaço”, conta.

Discípula e admiradora de Luiz Gonzaga, fato validado, inclusive, pelo Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) em levantamento recente que traz o compositor como o mais gravado por ela no decorrer da carreira, Elba sempre soube que queria ser artista e se deu (ou nos deu?) de presente uma trajetória que se tornaria solar.

Achava que seria atriz, que o palco seria a minha casa e que conseguiria viver da minha arte. A música foi mais um presente de Deus. Eu não imaginei que me tornaria cantora de verdade e não estabeleci metas, eu diria que me deixei levar por este caminho”. Caminho este que, ainda deve a ela alguma coisa? O que esta paraibana ainda quer da vida? “Pergunta difícil… É um paradoxo, minha gratidão não me permite querer mais nada. Só coisas boas para todos”, responde. 

Em meio à pandemia, Elba Ramalho seguiu produzindo, ou melhor, musicando o que sempre soube fazer. “Eu queria cantar, eu queria me expressar”. Desejos fomentados pelo nascimento da neta Esmeralda, filha de Luã, parceiro no disco “Eu e Vocês” (2020), que também contou com a participação de suas três filhas em uma das faixas. “Ninguém sabia quanto tempo iria durar esta situação, não me programei para fazer um disco mas tenho a felicidade de ter estúdio dentro de casa, meu filho é um excelente produtor musical e a minha netinha tinha acabado de nascer.” 

Tomada como sempre pela fé, desde o início da pandemia Elba faz o terço da misericórdia diariamente às 15h em seu Instagram, “Arrisco dizer que a minha fé que me sustentou e que me sustenta em meio a tantas adversidades”, conta ela que deve retomar projetos com o Padre Fábio de Melo, impossibilitados pela pandemia, além de celebrar em disco ao lado de Fagner o repertório do Rei do Baião. “Vem coisa boa pela frente”, garante a aniversariante que recorreu a Mercedes Sosa para, como se tivesse de frente para um espelho, dizer a si mesma neste 17 de agosto:  “Acho que eu cantaria baixinho ‘Gracias a la vida, que me há dado tanto’”.

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