Acusado de contrabando de cavalos representa Brasil nas Olimpíadas de Tóquio

Yuri Mansur Guerios já teve prisão decretada e responde, em liberdade, a um processo por descaminho (importação irregular) de cavalos de competição que custavam até R$ 1 milhão, em um esquema que envolvia sonegação fiscal. Mesmo assim, ele foi convocado para representar o Brasil no hipismo, nas Olimpíadas de Tóquio.

Mansur mora na Bélgica e tem como negócio a exportação de animais para o Brasil. Ele conseguiu evitar a prisão após firmar um acordo de delação premiada respaldado por mecanismos semelhantes aos usados por réus da Lava Jato.

O processo do cavaleiro, de acordo com a coluna Olhar Olímpico, de Demétrio Vechioli, corre em segredo de Justiça, mas a investigação do Ministério Público Federal (MPF) em Campinas (SP) apontou crimes de falsidade ideológica, descaminho, sonegação de impostos e lavagem de dinheiro.

A coluna procurou o cavaleiro, que se manifestou através do seu advogado: “Yuri está em dia com a Justiça, e merece os aplausos por ter superado mais esse obstáculo”.

Yuri foi o principal alvo da Operação Sangue Impuro, da Receita Federal e da Polícia Federal em 2015. Foram expedidos três mandados de prisão. Um deles tinha como alvo o cavaleiro, que já morava na Europa. Ele retornou ao Brasil dias depois, se entregou à polícia ainda no aeroporto, foi ouvido e liberado no mesmo dia.

A Receita Federal informou que as investigações, que começaram em 2012, identificaram indícios de subfaturamento na importação de cavalos de hipismo. A Quality Horses, que pertence a Yuri, declarava à Receita valores abaixo dos negociados, sonegando impostos. A Receita chegou a citar como exemplo uma venda a 110 mil euros que teve 20 mil euros declarados. O objetivo seria escapar da faixa de impostos que aumentaria o custo de importação em mais de 50%.

“Além de apresentarem valores declarados muito inferiores aos pagos pelos cavalos, muitas das importações eram realizadas por meio de laranjas, com o objetivo de ocultar os reais beneficiários da operação”, disse a Receita na época, apontando uma estimativa de que o calote ao Fisco fosse superior a R$ 100 milhões.

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