VICE INDICADO: Lula diz que agora passará a chamar Alckmin de ‘companheiro’

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) elogiou Geraldo Alckmin e pediu a ele que o chame de “companheiro” daqui para frente, durante evento de indicação do nome do ex-tucano como o vice da chapa do petista, em São Paulo. “Companheiro” é o termo utilizado por Lula ao se referir a aliados políticos.

Daqui pra frente, chamo você de companheiro Alckmin, e você me chama de companheiro Lula. Tenho certeza de que o Brasil irá aprovar o seu nome como candidato a vice. Já fui adversário do Alckmin, já fui adversário do Serra, já fui adversário do FHC. Nunca nos desrespeitamos. O tratamento sempre foi civilizado. Lula para Alckmin

Segundo Lula, “talvez ganhar as eleições será mais fácil do que recuperar este país”, fazendo crítica direta à gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL).

O PSB oficializou hoje pela manhã, por meio de uma carta, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) como nome do partido para compor a chapa presidencial do PT ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O documento é assinado por Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB e é endereçado a Lula e à presidente do PT, Gleisi Hoffman. Lula e Alckmin estão reunidos em um hotel, na zona sul de São Paulo, para selar a aliança.

Todas e quaisquer chapas que venham a se formar para disputar a Presidência da República são devedoras para com os brasileiros, em termos desses direitos e expectativas, todos eles concretos, objetivos, palpáveis. Apenas uma, contudo, pode entregar à população o muito que, com toda a legitimidade, ela exige. Temos convicção absoluta de que esta chapa é a que se consolidará com as candidaturas dos companheiros Lula e Geraldo Alckmin.

Carta do PSB ao PT

A aliança entre os dois, até poucos anos atrás impensável, vem se configurando desde o segundo semestre do ano passado. O encontro reune lideranças petitas e pessebistas e é um dos primeiros atos pré-campanha de Lula.

Nos bastidores, Lula tem centralizado boa parte das decisões partidárias, demonstra aos aliados estar mais “tranquilo” e “cuidadoso” e prevê dar um passo adiante na campanha no mês de abril. Por ora, a preocupação com sua segurança pessoal e o receio de arrumar problemas no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) evitam que o ex-presidente coloque a campanha na rua.

A aliança improvável

Insatisfeito com o PSDB, Alckmin, então cotado para mais um mandato à frente do Palácio dos Bandeirantes em São Paulo, já havia decidido sair do partido, que ajudou a fundar. Ele flertava com outros partidos —foi sondado pelo ex-ministro Gilberto Kassab, presidente do PSD, pelo União Brasil e até pelo PDT, de Ciro Gomes— quando começaram as conversas com o PT.

Líder absoluto nas pesquisas, Lula, por sua vez, procurava um vice. Dentro do Partido dos Trabalhadores, a avaliação é que o nome de Alckmin pode trazer, além de um contingente eleitoral, a chancela de frente ampla contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) que o partido pretende empenhar nesta eleição.

A possibilidade de aliança enfrentou uma resistência inicial, em especial entre lideranças e parlamentares do PT-SP —oposição histórica aos quase quatro mandatos de Alckmin no governo paulista. Mas a aproximação foi tomando corpo. A filiação do ex-tucano ao PSB, no mês passado, com a presença da presidente petista Gleisi Hoffmann, fechou o elo.

O ato serve mais como um gesto. Oficialmente, partidos, federações e coligações só podem definir seus candidatos nas convenções partidárias, realizadas entre 20 de julho e 5 de agosto.

Mas o presidente Bolsonaro, Ciro e outros candidatos da terceira via, como o ex-governador João Doria (PSDB) e a senadora Simone Tebet (MDB), já começaram suas movimentações. Até o ex-ministro Sergio Moro (União Brasil) chegou a se lançar pelo Podemos, mas acabou desistindo.

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