Pesquisadores da Paraíba mapeiam fungos que causam infecções em hospitais no Nordeste

Um projeto de pesquisa multicêntrico detectará fungos que causam infecções em pacientes hospitalizados em ambientes de assistência à saúde do Nordeste brasileiro, por meio do monitoramento, controle e prevenção da resistência destes micro-organismos. Serão estudados os Dermatófitos e fungos do complexo Sporothrix schenckii, e no Hospital Universitário Alcides Carneiro da Universidade Federal de Campina Grande (HUAC-UFCG), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), o foco da pesquisa serão os fungos do gênero Candida, responsáveis pela maioria dos casos de infecções fúngicas que acometem o ser humano, especialmente as infecções sistêmicas.

Para o professor Egberto Santos Carmo (UFCG), orientador do projeto no HUAC-UFCG, o desenvolvimento dessa pesquisa possibilitará conhecer melhor o fungo que está causando infecção e matando pacientes. “Poderemos ver quais são as principais espécies, em quais antifúngicos está a resistência maior e quais são os genes de resistência, por exemplo. Com essas informações podemos estabelecer estratégias de combate mais apropriadas no tratamento contra esses micro-organismos”.

O projeto de pesquisa denominado “Laboratório de Vigilância da Resistência a Antifúngicos (Vigia): rede integrada para detecção, monitoramento, controle e prevenção da resistência em ambientes de Assistência à Saúde no Nordeste brasileiro” tem financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e terá duração de dois anos.

Etapas do projeto

A pesquisa terá duas etapas. Na primeira, será feita uma análise retrospectiva dos últimos cinco anos para avaliar, a partir dos registros de prontuários e dos resultados de exames, quais foram os fungos mais frequentes nos casos de infecções. Após isso, de acordo com o professor, virá a etapa prospectiva, ou seja, a verificação dos casos que serão diagnosticados com a presença desses fungos e, a partir disso, melhor analisados, levando em consideração a avaliação da parte genética, através de estudos de biologia molecular.

Dentro da rede parceira do projeto, alguns laboratórios ficarão responsáveis pela etapa de análise para detectar quais são os genes que podem estar associados à resistência observada em laboratório, clínica e nos tratamentos. Dessa forma, todas as informações obtidas com as análises serão compartilhadas com a rede e consequentemente com as unidades hospitalares, permitindo elaborar uma melhor estratégia para o tratamento dos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) nesta temática.

Estratégia 

Os fungos, que serão isolados na parte prospectiva, servirão como base de pesquisa, possibilitando testar substâncias novas no objetivo de encontrar outros antifúngicos. “Com estudos na universidade, é possível descobrir extratos de plantas, óleos essenciais ou substâncias sintéticas que serão testadas contra esses micro-organismos resistentes, podendo ser transformados em fármacos que no futuro poderiam chegar nas prateleiras de farmácias como opção terapêutica”, disse o professor que é doutor na área de Farmacologia.

O projeto terá uma aluna bolsista do curso de graduação em Farmácia do Centro de Educação e Saúde, Campus Cuité, da Universidade Federal de Campina Grande. A bolsista, Darja de Almeida Silva Vilar, fará a coleta de dados nas duas etapas do projeto. Na parte prospectiva, ela também armazenará as espécies, juntamente com a equipe de laboratório. Foram conseguidas duas bolsas de apoio técnico para funcionários do HUAC-UFCG do setor de microbiologia que ajudarão neste momento.

“É importante participar de um estudo tão significativo para a comunidade. Sabemos que com o aumento recorrente de infecções fúngicas, faz-se necessário estudos aprofundados capazes de nortear a comunidade médica sobre a prevalência dessas infecções, as cepas mais isoladas e quais os possíveis tratamentos mais adequados”, disse Darja Vilar.

“A troca mútua de conhecimento será de suma valia para minha trajetória acadêmica, espero que venham novos desafios e que eu possa contribuir da melhor forma para o desenvolvimento deste projeto grandioso”, continuou a bolsista.

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