Como brasileiro dobrou em 4 dias preço de Ferrari abandonada por 10 anos

Especialmente na Europa e nos Estados Unidos, é possível encontrar carros da Ferrari por relativas barganhas, necessitando de algum reparo ou restauração.

No entanto, devido aos preços exorbitantes de peças e mão de obra, mesmo no exterior é preciso colocar a mão na massa e usar peças usadas ou paralelas para devolvê-los à vida sem ficar no prejuízo – e até conseguindo algum lucro, em eventual revenda.

Foi o que fez o empresário brasileiro Anderson Dick, morador de Atlanta, na Geórgia (EUA), ao comprar e reparar ele mesmo, com a ajuda de amigos, uma Ferrari F355 Spider 1998 abandonada sob sol e chuva durante dez anos.

Dick comprou o conversível italiano no fim do ano passado de um senhor de 85 anos, que deixou o esportivo parado durante todo esse tempo em uma oficina perto de onde reside o brasileiro.

Ele diz ter adquirido a F355 por US$ 31 mil (R$ 168 mil) e, com quatro dias de trabalho e US$ 3,4 mil (R$ 18,4 mil) em componentes, fez o carro valer aproximadamente US$ 70 mil (R$ 380 mil) – valor mínimo de mercado para um exemplar do mesmo modelo.

Ou seja, mais do que o dobro do dinheiro inicialmente gasto.

“Adquiri a F355 em dezembro. Em dois finais de semana, consegui colocar ela em pé e rodando novamente. Já recebi três propostas e conseguiria vendê-la facilmente por US$ 70 mil, mas vou ficar com ela”, pontua Anderson, que mora nos Estados Unidos desde 2017 e é dono da empresa de injeções programáveis FuelTech.

Ele conta que adquiriu sua Ferrari amarela com registro de sinistro, pois ela sofreu uma colisão dianteira, parcialmente reparada antes da venda, e problemas hidráulicos no câmbio automatizado de seis marchas.

Além disso, o veículo precisava de uma boa higienização interna e externa e algumas manutenções, como troca de fluidos e correias, bem como reparo na capota – cuja lona apresentava um pequeno rasgo e estava com mecanismo hidráulico de abertura e fechamento sem funcionar.

“A primeira coisa foi a limpeza, precisei tirar até cocô de rato no compartimento do motor. Depois, foi preciso remover o 3.5 V8 para a troca das correias, o que normalmente sai por cerca de US$ 10 mil (R$ 54 mil) em uma autorizada. Só gastei US$ 1,4 mil nas peças para fazer esse serviço na oficina da minha empresa, nas horas vagas”.

Agora é manual

A questão da transmissão automatizada ele resolveu de outra forma: pesquisando em fóruns na internet, encontrou um kit de conversão para câmbio manual, que conseguiu trocar pau a pau pelas peças originais.

Quanto à capota, a saída que encontrou foi simplesmente remover o mecanismo defeituoso para deixar a operação 100% manual, reduzindo o peso do veículo em aproximadamente 20 kg. Também encaminhou o conserto da parte rasgada.

“Somente a conversão para transmissão mecânica valorizou a Spider em uns US$ 10 mil. Já as peças da abertura da capota eu irei vender por cerca de US$ 2 mil [R$ 10,8 mil]”.

Tirando alguns detalhes estéticos, incluindo o polimento da pintura, Dick já está rodando e curtindo seu novo carrão, que faz companhia na garagem do empresário com um Chevrolet Corvette C8 2020 mexido com mais de 1.000 cv.

A próxima etapa, diz Anderson, engenheiro elétrico formado pela UFRGS, será instalar uma série de upgrades na Ferrari, o que exigirá o desembolso de mais US$ 12,5 mil (R$ 67,7 mil), sem contar a troca das rodas.

As atualizações vão incluir, é claro, instalação de nova ECU da FuelTech, além de turbo, intercooler e escapamento de titânio. A expectativa é de atingir cerca de 750 cv sem abrir o motor – salto considerável em relação aos 380 cv originais.

“Não sou daqueles que fazem questão de ter o veículo totalmente original, pelo contrário. Devo gastar US$ 15 mil [R$ 81,2 mil] nos upgrades, o que sairia por cerca de US$ 50 mil [R$ 270,8 mil] nessas empresas de customização”.

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