Deputado pede que ministro explique afirmações sobre privatização dos Correios

O deputado federal André Figueiredo (PDT/CE) entrou com um requerimento de informações da Câmara (RIC nº 1218/2020) acerca das declarações feitas pelo Ministro das Comunicações, Fábio Faria, tratando da intenção de desestatização dos Correios. Na noite de quarta-feira da semana passada (16), Faria disse em transmissão ao vivo em redes sociais que cinco empresas teriam demonstrado interesse no processo de privatização.

“O importante é que já tem cinco players interessados. O Magalu é um deles, a Amazon, a DHL e Fedex. Já tem pessoas, grupos interessados na aquisição dos Correios, então isso é importante, porque não teremos um processo de privatização vazio”, disse o Ministro na transmissão feita por um influenciador digital, sem nomear a quinta empresa.

No requerimento, Figueiredo solicita documentos e estudos preparatórios que avaliam as possibilidades de privatização ou parcerias privadas para a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. O deputado solicita, também, atas de reuniões ou outras formas de tratativas de integrantes do Ministério com representantes das empresas Magazine Luiza, DHL, Amazon e Fedex.

“De um lado, essa assertiva parece indicar o início de processo de desestatização de empresa estatal única, sem autorização do Congresso Nacional e sem a devida transparência administrativa, levando, inclusive, à movimentos de especulação no mercado. No limite, também é possível que, verificada essa ocorrência, tenha se operado um desvirtuamento na finalidade da resolução nº 68, de 21 de agosto de 2019, do CPPI [Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos]”, diz o requerimento assinado pelo deputado. A resolução nº 68 determina a elaboração de estudos para privatização bem como a criação de um comitê com integrantes da ECT, do BNDES, da Casa Civil da Presidência da República e dos Ministérios da Economia e da Ciência e Tecnologia.

Procuradas pelo Valor na quinta-feira passada (17), todas as companhias não confirmaram a informação dada pelo ministro. O Magazine Luiza disse que não comentaria, enquanto a Amazon afirmou que “não comenta rumores ou especulações”. O tom foi similar ao da DHL. “Não comentamos sobre especulações de mercado e potenciais fusões e aquisições”. A empresa completou que, no momento, não tem planos de crescer seu negócio postal por meio de privatizações e de outros serviços postais estrangeiros. Já a FedEx disse que monitora o mercado por oportunidades, mas que não comenta especulações acerca da estratégia de negócio. Naquele dia, as ações do Magazine Luiza, negociadas na B3, fecharam em queda de 2,30%.

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