Sócio da oficina: 7 maus hábitos que multiplicam gastos com o mecânico

Poucas coisas são tão capazes de determinar a vida útil de um carro quanto os hábitos de quem o dirige.

Dependendo do estilo de condução e da periodicidade das manutenções (ou da falta delas), componentes que deveriam durar uma determinada quilometragem podem ter sua vida bastante abreviada. O resultado é sempre o mesmo: prejuízo.

Aí, não tem jeito: as chances de você ter de visitar o mecânico com uma frequência maior do que a desejada aumentam.

Para evitar isso, confira abaixo sete armadilhas das quais você tem de manter distância.

1 – Fazer alterações para potência extra

A central eletrônica pode ser considerada o cérebro do motor, já que ela comanda parâmetros como o tempo de abertura das borboletas, sensibilidade do acelerador e ajustes da injeção de combustível, dentre outros.

É o que buscam as pessoas que “chipam” o carro, uma forma relativamente simples de fazê-lo andar mais. Por vezes, esse tipo de alteração vem acompanhado de outras mais “invasivas”, como instalação de turbo.

De qualquer maneira, mexer em componentes do motor é algo não recomendado para quem quer ver o seu carro funcionando de forma saudável.

“Fazer o conjunto de motor e transmissão trabalhar acima do limite para o qual foi especificado gera muitos efeitos indesejados. O catalisador, por exemplo pode ‘derreter’ por conta das altas temperaturas, se já não tiver sido removido, gerando aumento nas emissões”, explica Erwin Franieck, mentor de tecnologia e inovação em engenharia avançada da SAE Brasil.

Ao trabalhar com uma carga maior do que a que foram projetados, componentes como velas, bicos injetores e até o motor como um todo podem apresentar uma série de problemas e ter sua vida útil abreviada.

2 – Não trocar filtros no prazo

Nós já falamos aqui sobre o tamanho do prejuízo que um filtro de óleo em mau estado pode causar. A questão é que isso também se aplica a componentes do tipo usados em outras partes do veículo, como na captação de ar pelo motor e também do combustível armazenado no tanque.

Geralmente, o prazo para a troca desses componentes está estipulado no manual do proprietário e a substituição é contemplada no plano de manutenção preventiva do veículo. Cabe, então, seguir as orientações à risca. E, também, ficar atento a possíveis sinais do carro.

“É comum perceber que o filtro de ar está saturado quando o motor começa a falhar. Em caso de emergência, muitos removem o filtro até chegarem em uma oficina, mas basta rodar alguns minutos sem ele para que haja problemas sérios no motor”, diz Franieck.

No caso desse componente, a sua ausência – ou até mesmo o uso de produtos de menor restrição e, por tabela, com menor capacidade de reter detritos – pode fazer com que partículas acabem dentro do motor e risquem as paredes dos cilindros. Caso isso ocorra, o óleo lubrificante pode acabar se misturando ao combustível, fazendo com que uma fumaça branca seja expelida pelo escapamento. O que, inclusive, é um sinal de que algo não está nada bem com o motor.

Já o filtro de óleo tem um potencial destrutivo muito grande se não estiver em perfeitas condições. Isso porque, se ele entupir, pode acabar se rompendo e causando um vazamento de grandes proporções. Em caso extremo, o motor pode funcionar sem lubrificação e acabar fundindo.

Por fim, há o filtro de combustível que, se atrapalhar o respectivo fluxo – seja por entupimento ou final da vida útil -, acaba sobrecarregando a bomba de combustível. Segundo Franieck, essa, inclusive, é uma das causas mais comuns para bombas de combustível queimarem.

3 – Abastecer com combustível adulterado

O preço dos combustíveis está alto e, naturalmente, isso faz com que o ato de pesquisar para abastecer em postos com preços mais em conta seja comum. O problema aqui é que, muitas vezes, o barato acaba saindo caro, especialmente quando resolvemos tentar a sorte naquele posto que cobra muito menos do que a concorrência.

O risco, claro, é o de acabar colocando combustível adulterado no tanque. Os tipos mais comuns de fraudes são a adição de solventes na gasolina e de água no etanol.

É pouco provável que o carro tenha problema sérios logo após consumir combustíveis do tipo, sendo que sintomas mais comuns são perda de performance e consumo elevado. Em médio e longo prazo, porém, os problemas tendem a ser mais graves.

“O solvente danifica componentes como dutos, vedações e peças emborrachadas, além causar a formação de depósitos no interior do propulsor. Etanol com mais água do que determina a especificação acelera a corrosão de itens e traz funcionamento irregular”, alerta Franieck.

4 – Não trocar o óleo no prazo

O óleo é aquele caso de componente que deve ser trocado por quilometragem ou tempo. O problema é que, muitas vezes, quem roda pouco com o carro acaba não se atentando ao fato de que o lubrificante tem, sim, prazo de validade. A melhor maneira de saber isso é consultando o bom e velho manual do proprietário – e seguindo à risca o estipulado.

Uma vez que ele ultrapasse esse tempo, o óleo começa a ter suas propriedades degradadas e perde, pouco a pouco, a sua capacidade de reduzir o atrito dos componentes do motor.

Outro ponto que frequentemente não é observado é o tipo de uso que se faz do carro, o que também gera impacto na vida útil do fluido. O tal do uso severo, que compreende veículos que transitam em ruas não pavimentadas, carregados ou sob tráfego intenso, também implica que o óleo deve ser trocado em períodos mais curtos.

5 – Usar o carro apenas em trajetos curtos

Para chegar às condições ideais de funcionamento, o motor precisa ficar ligado por um tempo.

“Dirigir durante menos de 15 minutos nem esquenta o óleo do motor, impossibilitando a lubrificação adequada. Tem carro com baixa quilometragem que apresenta mais desgaste na comparação com um exemplar mais rodado, que no entanto funciona a maior parte do tempo na temperatura ideal”, aponta Franieck.

Por consequência, quem usa o carro o tempo inteiro em trajetos curtos pode ter problemas, com desgaste acelerado de peças e um consumo médio mais alto do que o que seria normal.

Carros movidos à etanol que não contam com sistema de preaquecimento tendem a sofrer mais com isso, especialmente em regiões e dias mais frios.

“Em dias frios, a partida de motor abastecido com etanol tende a ser mais difícil em carros antigos, sem sistema de preaquecimento. Injeta-se mais combustível no arranque e a parte não queimada do etanol gera água como resíduo. Se o motor não esquentar adequadamente, a água não evapora e acaba contaminando o óleo, comprometendo sua performance”, alerta.

6 – Carro parado por muito tempo

Você já deve ter ouvido que “carro parado dá mais prejuízo do que andando”, certo? E aqui não falamos de questões como tributos ou seguro, mas sim da parte mecânica do veículo.

“Água e outros fluidos parados durante muito tempo no mesmo lugar aceleram processos corrosivos e contribuem para o ressecamento de borrachas, mangueiras e dutos em geral. É comum a corrosão formada dentro do tanque soltar resíduos que vão parar na bomba de combustível, danificando-a”, diz Franieck.

E não é só isso: a própria gasolina tem prazo de validade e se torna inadequada ao uso após meio ano.

Por fim, carros parados na mesma posição tendem a deformar os pneus, além de ter a sua bateria descarregada.

Para evitar problemas caso você preveja que seu carro passará um bom tempo parado é tentar pedir para alguém de confiança rodar com ele nesse período pelo menos uma vez por semana. “Isso também serve para lubrificar rolamentos e componentes da suspensão que precisam se movimentar com regularidade”, complementa Franieck.

7 – Transformar o carro em um ‘trio elétrico’

A ideia de dar uma melhorada no som do carro e instalar novos acessórios, como centrais multimídia com funções adicionais, é tentadora. O que pouca gente sabe, no entanto, é que encher o seu carro de acessórios que consomem eletricidade pode causar uma bela dor de cabeça.

Isso porque a instalação de acessórios do tipo não homologados pelo fabricante do veículo e sem qualquer tipo de adequação do sistema elétrico, tende a causar muitos problemas, já que acaba havendo uma demanda de energia maior do que a prevista no projeto do carro.

A consequência mais óbvia, especialmente no caso de aparelhos que não desligam totalmente quando não estão em uso, é a redução da vida útil da bateria e possíveis situações nas quais ela fica sem carga para, por exemplo, dar a partida no carro.

Os problemas, contudo, vão além. “Ao reter menos carga, a bateria fornece menos tensão e sobrecarrega o alternador e a respectiva correia. Também ocorre maior variação de tensão no sistema. Isso eleva a incidência de pane elétrica, acompanhada por danos a uma série de componentes”, diz Franieck.

Dentre esses componentes estão lâmpadas, ventoinhas, motor de arranque, entre outros.

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