Padre de Pernambuco teria ordenado que fiel fosse estuprada na sua frente – ENTENDA CASO

O padre Airton Freire, criador da Fundação Terra, foi suspenso de suas atividades religiosas, por decisão da Diocese de Pesqueira (PE), após receber denúncia de que ele estaria sendo investigado por possível participação em um estupro. Ele nega as acusações.

O que aconteceu:

O sacerdote está “privado do uso da ordem” e “não tem jurisdição para presidir ou administrar qualquer sacramento ou sacramental”, diz o decreto divulgado pela diocese. O documento, assinado pelo bispo José Luiz Ferreira Sales, diz ainda que o padre “se desejar, pode celebrar a eucaristia, mas apenas em privado, com exclusiva participação de no máximo três fiéis.”

O decreto esclarece que a suspensão foi motivada por “denúncias graves feitas pela senhora Sílvia Tavares, e de possível cometimento de delitos tipificados pelo ordenamento da Igreja em seu desfavor”. A decisão veio após uma série de declarações à imprensa da capital pernambucana, hoje, por parte da denunciante, Silvia Tavares de Souza, 51. Ela já vinha divulgando o inquérito em andamento em canais do interior desde o dia 5 de maio.

Hoje, a mulher foi ao Palácio do Campo das Princesas, sede do governo de Pernambuco, para pedir celeridade na conclusão da investigação do caso. Por nota, o governo de Pernambuco informou que recebeu, acolheu a denunciante e realizou o encaminhamento com acompanhamento jurídico e suporte para atendimento psicológico.

A Polícia Civil de Pernambuco informou que está investigando o episódio e que “não é possível fornecer mais informações, pois o caso segue sob segredo de Justiça”. O registro da ocorrência foi feito em novembro do ano passado.

Ao UOL, o sacerdote lamentou ter sido alvo do que considera “acusações infundadas” e “injustas” e nega a “prática de qualquer ato ilícito e reafirma sua inocência, não sendo verdadeiras as alegações contra ele dirigidas”. Em nota à imprensa, ele alega também que o afastamento permitirá “que as apurações transcorram com toda a tranquilidade necessária para que se apure a verdade sobre os fatos”.

Denúncia de estupro

Alerta de conteúdo sensível: Relato da vítima pode ser perturbador para alguns leitores.

 

A personal stylist Sílvia Tavares denunciou ter sido abusada sexualmente pelo motorista do padre em agosto de 2022 e que o denunciou à polícia três meses depois.

Ao UOL, a vítima contou que conheceu o padre em 2019 e que costumava frequentar retiros espirituais organizados por ele. Ela disse que em um desses eventos foi chamada pelo religioso para ir a uma casa isolada, onde teria acontecido o crime, na Fazenda Malhada, em Arcoverde (PE).

Ela conta que o padre teria mandado mensagem pedindo sua presença na ‘casinha’, onde ficam os aposentos do clérigo. Ao entrar no local, ele estaria deitado, teria pedido uma massagem, e, pouco depois, ela teria percebido que ele estava sem roupas, momento em que teria sido abordada pelo motorista do sacerdote com uma faca.

A mulher relata que o padre mandou o motorista estuprá-la e que ele teria assistido à cena enquanto se masturbava. Segundo ela, o sacerdote não teve qualquer ação para ajudá-la.

Chocada, ela disse só ter procurado a polícia em novembro do ano passado, após um período que “não foi fácil”. “Não fui estuprada por uma pessoa estranha, foi de alguém que eu amava, um homem que eu considerava como um pai”. Além disso, disse ter sido ameaçada pelo sacerdote para que ficasse calada para não ser “pior para ela”.

Divulgando a denúncia que fez ao longo deste mês, a mulher relata que tem lidado também com ameaças na rua por pessoas que a acusam de querer se promover. “A única coisa que eu quero é que esses dois canalhas sejam presos”.

Ele disse: ‘posso te pedir um favor? Me faça uma massagem’. E eu, na maior inocência do mundo, aceitei, porque todo mundo considerava ele um santo, inclusive eu. Foi quando comecei a dar a massagem. Ele tava sem camisa e, quando desci um pouco a mão pelas costas dele, percebi que ele estava nu. Simplesmente dei um pulo e o outro homem [o motorista] colocou uma faca em mim. Fiquei imobilizada porque ele [o motorista] que me deu uma gravata e botou a faca. Ele [o padre] disse ‘tire a roupa’ e pediu para o outro [o motorista] tirar a roupa. Ele pegou um lençol de seda e foi para uma cadeira, sentou nu e ficava ordenando tudo.Silvia Tavares, personal stylist

Em caso de violência, denuncie

Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.

Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.

Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.

Há ainda o aplicativo Direitos Humanos Brasil e através da página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH) do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC). Vítimas de violência doméstica podem fazer a denúncia em até seis meses.

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