‘ESSAS QUENGAS LATINDO’: Professor da UFCG critica mulheres que trabalham fora de casa e é repudiado por reitoria

A Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) abriu uma sindicância para apurar a conduta de um professor que teria publicado, nas redes sociais, uma mensagem desrespeitosa contra mulheres. A nota de repúdio foi publicada pela instituição na noite do domingo (11). O professor apagou a conta dele nas redes sociais.

A nota da UFCG, assinada pelo reitor Vicemário Simões, diz que a reitoria entende que, “mesmo no âmbito da vida privada, a liberdade de expressão não pode ferir a dignidade alheia”, e que considerando a legislação a que está submetido qualquer servidor público, a comissão de sindicância foi constituída para apurar o caso, que vai ser analisado também pela Comissão de Ética da UFCG.

“A Universidade Federal de Campina Grande é plural em todos os sentidos e, por isso mesmo, convive com as mais variadas posturas políticas, ideológicas, culturais e religiosas, esperando de toda a sua comunidade acadêmica uma harmoniosa convivência democrática em que as diferenças são respeitadas. O respeito às diferenças não dá lugar a nenhuma forma de manifestação racista, sexista ou alguma forma outra de apontamento preconceituoso contra qualquer coletivo”,diz o texto da nota.

A reitoria informou que repudia “qualquer expressão de preconceito e de ataque aos inegociáveis princípios dos direitos humanos, notadamente àquelas recentes manifestações, registradas em rede social, por docente da instituição, que se mostrou desrespeitoso na convivência com as diferenças”.

A Reitoria […] não apenas repudia o ato desrespeitoso como também manifesta solidariedade às pessoas e aos coletivos que foram desrespeitados pelas mencionadas manifestações”, diz o texto da nota.

Ainda no domingo, a Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) também publicou uma nota de repúdio, informando que a postagem teria sido feita por um professor do departamento de engenharia elétrica da UFCG. A Comissão de Direitos da Mulher e a Comissão Parlamentar de Inquérito do Feminicípio consideram o comentário como misógino.

“A luta pela emancipação da mulher é, hoje, objeto de discussão, estudos e ações em diversos espaços, inclusive nas universidades públicas, visando a mudança social e eliminação de todas as formas de opressão. Todavia, a manifestação do professor é reveladora ao destacar a ignorância sobre a questão de gênero. […] O comentário repudiado revela, além do obscurantismo histórico e político forjado pelo patriarcado, a objetificação da mulher e a violência preponderante nas mentes dos que ainda não conseguiram se emancipar, nem minimamente, do machismo. Ademais, desconsidera o trabalho como um fazer coletivo, na atividade doméstica e não doméstica, remunerada e não remunerada”, diz o texto da ALPB.

Ainda de acordo com as comissões que assinam a nota da ALPB, o comentário feito pelo professor, além de reproduzir discurso misógino, incentiva à violência contra a mulher.

“As palavras impertinentes, misóginas e vergonhosas proferidas pelo professor são de profunda desconsideração à dignidade das mulheres, ecoando um discurso que permite, sanciona e incentiva a violência doméstica, o feminicídio e todas as formas de abuso, psicológico ou físico, que insistem em diminuir a nossa existência e a nossa moral”, completa o texto.

Confira o print da postagem do professor:

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