ESTRELA DE NATAL: Fenômeno raro será visto após séculos sem se formar

Um fenômeno astronômico raro conhecido como “Estrela de Natal” — a conjunção dos planetas Saturno e Júpiter formando dois pontos brilhantes — acontecerá no dia 21 de dezembro após ficar quase 800 anos sem se formar. Os planetas estarão muito próximos e vão se alinhar, formando uma espécie de planeta duplo. De acordo com o Gaturamo Observatório Astronômico (GOA) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), o fenômeno poderá ser visto não só do Estado e do país, mas de todo o Planeta Terra.

Um ponto de luz radiante poderá ser observado logo após o pôr-do-sol. Mestre em astrofísica e coordenador do GOA, Márcio Malacarne explica que os planetas já estão visíveis a olho nu esta noite e em todas as noites até o final do ano — mas o acontecimento raro, o grande fenômeno que é a formação do “planeta duplo” com dois pontos brilhantes, será mesmo no dia 21 de dezembro, data em que começa o verão. “Basta olhar para a direção oeste, logo após o pôr do sol, até cerca de 20h. A máxima aproximação ocorre dia 21 de dezembro, mesmo dia do solstício de verão”, detalha.

Márcio Malacarne

Astrofísico e coordenador do GOA Ufes

De 20 em 20 anos, Júpiter e Saturno entram em conjunção (ficam alinhados). Desta vez, é ainda mais especial e rara, pela proximidade entre eles. Na última conjunção, que ocorreu no ano 2000, foi com os planetas muito próximos da direção do Sol, dificultando a visualização a olho nu

Malacarne completa dizendo que outra conjunção tão rara como esta, a menos de 1 grau, acontecerá somente em 2080, quando novamente os planetas vão estar bem próximos. A última vez que estiveram a menos de 1 grau de separação foi há mais de 300 anos, de acordo com o astrofísico. “Poderá ser visto de qualquer lugar da Terra. Basta o horizonte oeste estar sem nuvens. Não precisa de instrumentos para acompanhar a aproximação”, disse o especialista.
Márcio Malacarne, astrofísico e coordenador do GOA Ufes
Márcio Malacarne, astrofísico e coordenador do GOA. Crédito: GOA Ufes

E para apreciar ainda mais o fenômeno, o astrofísico recomenda a utilização de um binóculo, luneta ou telescópio, para ter uma melhor visão da aproximação e dos detalhes dos planetas, como anéis de Saturno, satélites e a “Grande Mancha Vermelha” em Júpiter. “Se não estiver nublado, o GOA fará uma transmissão ao vivo no dia 21 de dezembro, das 18h às 20h. Não teremos atendimentos presenciais”, finalizou.

“CONJUNÇÃO”

A reportagem também conversou com Josina Nascimento, pesquisadora do Observatório Nacional, MCTI, que explicou um pouco mais sobre o termo “conjunção”.

“A conjunção entre os dois astros ocorre quando os dois estão sobre uma mesma linha, quando vistos aqui da Terra. Essa conjunção é particularmente interessante porque os dois planetas vão ficar muito próximos no céu e poderão ser vistos juntos de uma só vez no mesmo campo de visão, se você olhar por um binóculo ou telescópio”, disse.

 Júpiter, rastreando as regiões de calor do planeta vizinho
Júpiter, rastreando as regiões de calor do planeta vizinho. Crédito: Gemini Observatory/M.H. Wong et al

Josina classificou a visão como “fantástica”, porque, se visto de um telescópio com um bom aumento, alguns satélites de Júpiter e de Saturno serão bem visíveis, e se terá no campo de visão ao mesmo tempo os dois planetas e os seus principais satélites.

Josina Nascimento

Pesquisadora do Observatório Nacional, MCTI

“Já pode começar a acompanhar desde hoje. A olho nu os planetas parecem estrelas, mas fica fácil distinguir no céu porque Júpiter é bem brilhante e Saturno (menos brilhante) será visto próximo de Júpiter”

O Observatório Nacional também fará uma transmissão ao vivo do fenômeno, que poderá ser acompanhada no canal youtube.com/observatorionacional.

No caso, o evento é chamado de “grande conjunção” por envolver os dois maiores planetas conhecidos da nossa galáxia. Os dois planetas ficam alinhados uma vez a cada duas décadas, uma vez que Júpiter leva aproximadamente 12 anos a dar uma volta ao Sol contra os 30 anos de Saturno.

O fenômeno também conhecido como “Estrela de Belém” é a formação dos dois pontos brilhantes dos planetas alinhados. A conclusão foi do astrônomo alemão Johannes Kepler, no ano de 1614. Há ainda teorias que sugerem que a estrela que guiou os Três Reis Magos até Belém resulte de uma conjunção tripla de Júpiter, Saturno e Vênus. Muitos cristãos olham para a estrela como um sinal milagroso que marcou o nascimento de Cristo.

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