EVANGÉLICOS DE ESQUERDA: Projeto quer uma ‘bancada cristã’ mais popular na política brasileira

A Bancada Evangélica Popular, divulgada no início de julho deste ano (2020) e presidida pelo Pastor Ariovaldo Ramos – aliado do ex-presidente Lula e defensor ferrenho do Estado laico –, apresenta uma nova alternativa para os adeptos da fé cristã que não se identificam com as pautas conservadoras da atual Frente Parlamentar Evangélica do Congresso.

O projeto por uma bancada cristã mais popular tentou sair do papel durante as eleições presidenciais de 2018, mas se viu encurralado pelo curto espaço de tempo que o restava para propor candidaturas durante a corrida eleitoral.

“Quando a gente acordou, a direita já estava com o navio em pleno mar aberto. ”, lamentou o Pastor Ariovaldo.

Defendendo uma bandeira mais progressista, a Bancada Evangélica Popular promete deixar a religião de fora das pautas políticas do partido, uma vez que entre as prioridades da nova organização, se encontra a garantia fundamental do Estado Democrático de Direito.

“Não tem nada a ver com essa ênfase da bancada evangélica de representar a igreja, mas sim de marcar posição, para que todo o Brasil saiba que a igreja evangélica não é esse grupo hegemônico e que nós estamos nessa mesma batalha do povo brasileiro pela democracia e justiça social”, explicou o coordenador da Bancada.

Segundo às considerações feitas pelo partido, são mais que bem-vindos todos os adeptos à fé cristã evangélica que estiverem de acordo com os princípios propostos pelo manifesto partidário e também sejam contrários à presidência de Jair Bolsonaro (sem partido), a quem Ariovaldo identifica como neonazista, ou pelo menos algo semelhante a isso.

A primeira mulher transexual a ocupar um cargo de chefia religiosa em toda América Latina, Alexya Salvador, 39, da Igreja da Comunidade Metropolitana (ICM), está entre os nomes dos novos adeptos à Bancada Evangélica Popular e também estará entre as candidaturas para vereadores nas próximas eleições paulistas.

Levando uma série de abordagens complexas em sua trajetória, Alexya conhece como ninguém as complicações em ser uma mulher transexual no Brasil e, sendo também a primeira da sigla a adotar uma criança no País, ela pretende levar essas experiências para a Câmara quando for eleita, promovendo políticas públicas mais dignas para a vida dos transexuais.

“Eu quero que as minhas filhas cheguem aos 39 anos, porque a média de uma mulher trans no Brasil hoje é de 35 anos e vou fazer 40 neste ano. ”, declara Alexya.

A Bancada Evangélica Popular se fortaleceu, efetivamente, no início deste ano e já possui o apoio de diferentes cidades, Estados e partidos da esquerda brasileira.

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