FÁBRICA PARADA: Globo desiste de produzir novelas inéditas este ano

A direção da Globo traçou vários cenários possíveis para retomar as gravações de novelas e o mais cotado deles, até um mês atrás, era a reabertura dos estúdios para novas gravações a partir do dia 27 deste mês. O pessoal da pós-produção se preparou como se não houvesse amanhã, projetando ideias para beijos finalizados só no computador e montagens de cenas gravadas com distanciamento, editadas com a proximidade do mundo dito normal antes do início da pandemia.

Ao longo desta semana, no entanto, ao perceber que a reabertura deste expediente representaria um risco muito grande aos milhares de funcionários envolvidos na dramaturgia, a emissora investiu no Plano B e confirmou a exibição de mais uma novela no espaço de cada uma das produções que estão em recesso, de “Malhação” à novela das nove. “A Força do Querer” (2017), que já estava pronta para entrar em campo caso houvesse a necessidade de tapar o buraco do horário por mais uma temporada, foi confirmada para suceder “Fina Estampa” (2011), de Aguinaldo Silva).

Experimentos em estúdio junto ao time de pós-produção não estão descartados, mas poderão ser feitos sem a pressão de se cobrar cenas inéditas no ar antes de 2021.

Outros produtos poderão ser retomados este ano, caso dos programas de auditório, ainda sem plateia presencial, como começa a acontecer com os jogos de futebol. A última área a ser retomada é justamente aquela que sustenta o coração da grade da Globo: teledramaturgia.

De Glória Perez, “A Força do Querer” foi a novela que recolocou a Globo em patamares mais seguros de audiência na faixa das 21h, espaço abalado pelo confronto entre “Babilônia” (2014) e “Os Dez Mandamentos”, na Record, que tomou parte do público do horário até a novela seguinte, “A Regra do Jogo”. Na sequência, “Velho Chico” conseguiu avançar alguns passos, mas ainda patinava abaixo do patamar de 30 pontos.

A trama levanta várias bandeiras simultaneamente e tem o mérito de desenvolver todas elas. Emílio Dantas, aparentemente um coadjuvante, foi ganhando fôlego ao ver seu personagem, Rubinho, um bom moço, transformar-se em bandido do tráfico de drogas para sustentar a família. O sujeito toma gosto pelo dinheiro e mergulha em um outro universo, seguido fielmente pela mulher, Bibi, Juliana Paes, inspirada em personagem real.

Paolla Oliveira destaca-se como a policial que antagoniza com Bibi, e tem ainda Rodrigo Lombardi, Elizangela e Lilia Cabral, viciada em jogo. Dan Stulbach e Maria Fernanda Cândido fazem um ótimo núcleo familiar, com Débora Falabella como a sociopata que tenta abalar o casamento deles, onde a filha vivida por Carol Dantas desenvolve um enredo de transexual. Isis Valverde é a sereia que encanta Fiuk, o outro filho desse casal.

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