Criminosos usavam a senha da intranet da PM para realizar roubos 

A Polícia Militar prendeu na última quinta-feira (6) Alex Monteiro Lino, 36, o Magrelo, acusado de usar a senha de sistemas de monitoramento inteligente utilizados pelas forças de segurança e de revender as informações para grupos criminosos especializados em roubos a bancos, residências e veículos.

Lino foi preso por agentes da Corregedoria da PM. Na casa dele, no Brás, região central da cidade, foram apreendidos um computador e um aparelho de telefone celular. Segundo os policiais, os equipamentos estavam logados na rede de intranet da Polícia Militar e no sistema de monitoramento Detecta.

A reportagem não conseguiu contato com o advogado de Lino, mas publicará a versão do defensor dele na íntegra assim que houver um posicionamento.

O preso foi levado para a 5ª Delegacia de Combate a Crimes contra o Patrimônio, do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais). Em depoimento, Lino afirmou ter comprado a senha dos sistemas por R$ 55 mil e fez o pagamento por meio de depósito bancário na zona leste da capital.

Ele acrescentou que comprou a senha de um homem com quem conversava por e-mail. Disse ainda que vendia cada informação para grupos criminosos por R$ 1.000,00. Afirmou também que realizava em torno de 30 monitoramentos por mês em tempo real.

No depoimento, Lino contou que não cometia roubos e só repassava as informações para os criminosos. Revelou que não costumava passar os dados para estranhos e que tinha relação com 15 assaltantes, para quem os serviços prestados permitiam acompanhar a movimentação de viaturas em tempo real.

Investigadores do Deic já sabem que os assaltantes recebiam informações privilegiadas, como localização de viaturas policiais, dados dos policiais militares e despachos do Copom (Centro de Operações da Polícia Militar) e usavam os dados para não serem flagrados durante as ações criminosas.

PMs suspeitos

A Corregedoria da PM acredita que Lino não conseguiria as senhas sem a participação, em algum momento, de um policial militar com acesso ao sistema interno da Polícia Militar. Até o momento, entretanto, nenhum PM suspeito de envolvimento no esquema foi identificado.

Essa suspeita começou a ganhar força em 5 de março de 2021, quando um grupo de assaltantes roubou uma agência bancária em Pindorama (SP). Na manhã do mesmo dia, o sistema Copom Online foi acessado com os dados cadastrais de um policial militar do Corpo de Bombeiros.

De acordo com a Corregedoria da PM, os dados cadastrais do policial militar lotado no Corpo de Bombeiros estavam em nome da mãe de Lino e no endereço da família no bairro do Brás, onde foram apreendidos, no dia último dia 6, o computador e o telefone celular de Lino.

Lino foi autuado em flagrante no Deic sob a acusação de violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou telefônica. O preso já respondeu a processos por furto e receptação e na ficha criminal do acusado consta que ele ganhou a liberdade em maio de 2020.

Durante audiência de custódia, a juíza Luciana Menezes Scorza, da Vara de Plantão Criminal da Capital, converteu a prisão em flagrante de Lino em prisão preventiva.

No entendimento da magistrada, há indícios suficientes e prova material de que Lino cometeu os crimes de invasão de dispositivo informático e organização criminosa.

A juíza formou a convicção com base nas declarações colhidas com as testemunhas, principalmente dos policiais militares envolvidos na prisão do acusado e também nas investigações da Corregedoria da PM.

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