Gremista de R$ 532 milhões revela qual jogador campeão do mundo o inspira

Em entrevista, o meio-campista Jean Pyerre falou também sobre o confronto desta terça (20) contra o Palmeiras

Nesta terça-feira (20) Grêmio e Palmeiras se enfrentam em Porto Alegre, pelo jogo de ida das quartas de final da Conmebol Libertadores 2019, num dos duelos mais aguardados da atual edição, devido à forte rivalidade que os dois gigantes brasileiros cultivam há décadas, principalmente nos anos 1990. Em 1995, por exemplo, os gaúchos, por coincidência, também tiveram pela frente o Alviverde na mesma fase da competição, levando a melhor e ainda se sagrando campeões mais à frente.

A partida, que terá transmissão ao vivo e exclusivo do FOX Sports, a partir das 20h30, terá muitos atrativos. No lado do gremista, por exemplo, a mistura entre experiência e juventude vem dando o que falar no time armado pelo técnico Renato Gaúcho. Entre os destaques, está o menino Jean Pyerre, de apenas 21 anos, que em 2019 se firmou de vez entre os titulares do Imortal e é uma das sensações entre os torcedores. Contra o Athletico-PR, pelo jogo de ida nas semifinais da Copa do Brasil, o meio-campista anotou um bonito gol, o segundo da sua equipe na vitória por 2 a 0, que deu tranquilidade para a volta, na Arena da Baixada.

No dia seguinte à partida contra o Furacão, o jogador renovou o seu contrato com os gaúchos até 2023, aumentando ainda a sua multa rescisória para 120 milhões de euros (R$ 532 milhões), a mais cara da história do clube de Porto Alegre.

Antes de se concentrar para o embate contra o Palmeiras, o meio-campista concedeu entrevista exclusiva ao FOXSports.com.br e falou sobre as expectativas para a partida, além de muitos outros temas, como por exemplo, a sua idolatria por Ronaldinho Gaúcho e também sobre a sua relação com o técnico Renato Gaúcho. Confira abaixo a entrevista completa:

FOX Sports: você recentemente renovou o seu contrato com o Grêmio até o fim de 2023 e agora tem a multa rescisória mais cara da história do clube: 120 milhões de euros. As suas responsabilidades vão ser ainda maiores a partir de agora, ou não muda nada na sua cabeça?

Jean Pyerre: “Se o clube, se o pessoal, chegou a um pensamento disso, é por tudo aquilo que eu já fiz, por tudo aquilo que eles esperam de mim. Então não tenho que querer provar nada para ninguém, tenho que continuar fazendo o meu trabalho, continuar focado. As coisas acontecem naturalmente, assim como aconteceu a renovação. Seguir trabalhando para dar muitas alegrias e ter muitas alegrias… A minha motivação é sempre lá encima, independentemente das circunstâncias, independentemente do que vem acontecendo. Lógico que quando tem uma notícia dessas, quando acontecem coisas boas para gente, ficamos mais felizes. Conforme as coisas vão acontecendo almejamos coisas maiores. Acho que o que aumenta é a minha esperança, para que eu possa ajudar cada vez mais, correr mais, fazer mais gols, mais nesse sentido”.

O valor de R$ 532 milhões da sua multa rescisória te impressiona?

“Lógico que todo mundo sabe que é muito dinheiro, mas é algo que procuro não pensar, deixo mais para quem trabalha com essa parte pensar. Procuro focar mais em dentro de campo, me cuidar fora dele. Fico muito tranquilo, não me assusta (o valor da multa)”.

O Renato recentemente deu uma entrevista exclusiva para o FOX Sports e falou sobre o Everton, que conversa constantemente com ele, principalmente pelo fato de ele ser visado no mercado. Ele também tem esse tipo de conversa com você, por ser mais novo e tudo mais?

“A conversa e o diálogo ele tem com todos. Ele sempre procura ajudar todos, ver o que é melhor para a gente, até porque ele já jogou e sabe o que passamos dentro de campo. Não só para mim, mas para todo mundo, ele é um paizão. Ele se preocupa muito com a gente, quer sempre o nosso bem, então acho que podemos dizer que ele é um paizão, não só mais para os mais novos, mas também para os mais velhos”.

Teve algum conselho que o Renato já te deu que você leva até hoje como aprendizado?

“Ele é sempre bem preciso nas palavras. Sempre diz que temos que fazer o nosso melhor, que temos que buscar o melhor, mas ele valoriza muito uma coisa, que é a família. Quando ele toca nesses assuntos, diz que é para valorizarmos de onde viemos, valorizar tudo o que já passamos, o clube em que estamos, para pensarmos sempre nessas situações que vivemos, que nos encontramos hoje, que poderia ser uma situação adversa, ruim, para a gente sempre viver com alegria e desfrutar sempre das melhores coisas”.

Para você, o que é mais marcante no Renato como treinador?

“O que diferencia é que ele já vivenciou tudo aquilo que hoje nós vivenciamos, pelo fato de já ter jogado, sabe lidar bem com as situações que acontecem dentro de campo, sabe nos aconselhar quando tem alguma coisa de ruim, uma situação adversa. Acho que isso que marca bastante. Se você erra um gol, ele vem, conversa com os atacantes: ‘ó, fica tranquilo, isso acontece’. Te dá um conselho que te convence. Isso são coisas que podem ser simples, mas fazem uma diferença enorme para a gente”.

Quem é a sua grande inspiração do futebol e por quê?

“A minha maior referência de todas é e sempre será o Ronaldinho. Talvez não precise nem explicar o porquê, por tudo o que ele fez, tudo o que vivenciou. Apesar de ter o fato dele com a torcida gremista, que eu entendo, mas é quem eu sempre idolatrei, sempre amei ver jogar. Ele é o meu maior ídolo de todos”.

Já teve a chance de conhecê-lo pessoalmente? Como foi esse encontro?

“Já, graças a Deus eu tive essa oportunidade. Quando eu soube que iria conhecê-lo, até fiquei meio nervoso, não sabia como seria, e ele me recebeu super bem, parecia que me conhecia há 10 anos, que éramos amigos de infância, me tratou super bem, me deu toda a atenção do mundo, conversou comigo. Então fiquei muito feliz porque um dos meus maiores sonhos de vida eu consegui realizar”.

E no Grêmio de hoje em dia, quem é a sua maior referência, o seu ídolo?

“Hoje em dia, se tem um cara que é o meu ídolo e é uma pessoa a qual sou grato, é o Maicon. Por tudo o que já fez por mim aqui. Quando eu ainda estava na base, ele foi ver jogo meu, foi quem me estendeu a mão no momento mais difícil aqui dentro do clube, pelas coisas que eu tinha passado. Pude conhecer a pessoa dele, e o meu maior ídolo dentro do clube é ele. Tenho outras referências, outras gratidões, mas em primeiro lugar tenho ele como uma grande referência”.

Grêmio x Palmeiras se tornou um dos grandes clássicos do futebol brasileiro nos anos 1990, principalmente na Libertadores de 1995. Para você, como vai ser esse jogo, o que espera?

“Todo mundo sabe da grandeza que é o jogo em si. Agora tem um fator a mais por se tratar de umas quartas de final de Libertadores, então a gente sabe da qualidade que o time deles tem. Vai ser um jogo muito difícil. Não haverá deslealdade, sim muita vontade dos dois lados, e que a gente possa impor o nosso jeito de jogar, impor o nosso ritmo, dar o nosso melhor em campo. Sei que eles virão com o mesmo pensamento. Espero que possa ser um grande jogo”

O Renato já está tentando controlar os ânimos no vestiário para o jogo não sair do controle?

“O grupo, em si, é muito experiente, então a gente já passou por uma situação dessas, tirando nós, que viemos da base, o resto todo mundo já viu isso. Assim como já jogamos uma final de Gauchão esse ano, num Gre-Nal, já passamos por momentos difíceis esse ano, então já sabemos lidar melhor com tudo isso. A gente procura manter a calma o máximo possível, desfrutarmos, fazer aquilo que sabemos”.

Dá para considerar esse confronto uma “guerra”?

“O jogo vai se transcorrer dentro de campo. Se as duas equipes entrarem focadas, entrarem querendo, talvez possa ser uma guerra sim, mas creio que não. Mas talvez tem aquele dia em que nada dá certo para uma equipe, então só no dia, só na hora mesmo para podermos saber”.

Por conta da grana e de todo o investimento que o Palmeiras tem feito, ele aparece como favorito para o confronto, ou não? Acha que a grana conta muito nessas horas?

“O que conta é o que está em campo. Cada time usa as suas maneiras de contratar, de trabalhar, então acho que dinheiro, lógico que ajuda muito quem tem, mas dentro de campo são 11 contra 11, dinheiro não entra em campo. Não tem favorito para esse jogo, é um grande jogo, são duas grandes equipes, então é difícil de apontar um favorito”.

Se fosse para dar uma porcentagem, qual a chance do Grêmio nesse confronto? O Renato falou em 50/50.

“Eu daria a mesma porcentagem (do Renato). É 50/50. Assim como nós temos chances de vencer, eles também têm chances. O time que errar menos acaba saindo vitorioso. Espero que possamos entrar com esse espírito de luta, garra, do que é umas quartas de final de Libertadores. Que possamos fazer o nosso melhor”.

Após a vitória do Grêmio contra o Athletico-PR, pela Copa do Brasil, o Renato falou do jogo do Grêmio, o classificou como bonito, e que a equipe consegue aplicá-lo em qualquer lugar. O que tem de tão diferente no estilo de jogo gremista?

“Todos falam isso pela forma que jogamos É um time muito técnico, quando jogamos fora de casa, não procuramos ficar tentando só nos defender, a gente tenta jogar, impor o nosso ritmo também. Sabemos da qualidade do nosso grupo, um confia no outro, então não tem porque a gente não explorar aquilo que temos de melhor, que é ficar com a bola, fazer o jogo rodar… mas não podemos nos deixar levar por isso, achar que as coisas vão cair do céu. Temos que fazer as coisas acontecerem dentro de campo, botando o nosso jeito de jogar, que é mais um time técnico. Mudou até um pouco as características do que muitas pessoas diziam ser o Grêmio, aquela coisa de raça, de força de vontade, então mudou um pouco para ser um Grêmio mais técnico, de uns 3, 4 anos para cá. Conquistamos isso com os nossos méritos, e temos que manter essa crescente”.

Qual jogador do futebol atual você acha que se parece mais?

“(Com o)Pogba. Eu não chego a tentar imitá-lo, mas as passadas longas, o jeito de driblar, são bens parecidos. Cada um dentro das suas características, dadas as devidas proporções. O Pogba já atingiu um nível, ele é campeão do mundo, e eu estou recém-começando, mas é alguém que eu gosto muito de ver jogar, me inspiro muito nele. Acho um pouco parecido, pelas características, por sermos altos, meios-de-campo”.

Qual é o seu grande sonho com a camisa do Grêmio? E na carreira, no geral? Chegar à Seleção, jogar na Europa?

“Sonhos eu tenho muitos. Com o Grêmio é poder conquistar títulos de expressão. Já tive o gosto de ser campeão gaúcho, que é algo que eu valorizo muito. Títulos de expressão nacional como uma Copa do Brasil, Libertadores, quem sabe um dia, também ser campeão do mundo pelo Grêmio. Depois tenho o sonho de chegar à Seleção, de ganhar títulos lá fora, na Europa, conquistar títulos por grandes clubes. Esses são os meus sonhos”.

Com informações do FOX Sports

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