Ministro da Saúde critica Pfizer e Moderna e defende produção nacional de vacina: ‘Ou produzimos, ou não vamos vacinas’

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, voltou a defender, nesta segunda (11), a produção nacional de vacinas contra a covid-19. Ele fez críticas às condições de negociação para importação de imunizantes produzidos por farmacêuticas estrangeiras.

De acordo com o ministro, as condições impostas pelos fabricantes não são vantajosas para o governo federal. “O que fica claro: ou nós produzimos as nossas vacinas ou nós não vamos vacinar o povo brasileiro”, disse.

Pazuello citou cláusulas que a Pfizer/BioNTech e a Moderna teriam exigido para assinar contrato com o Ministério da Saúde. As declarações foram feitas em viagem oficial para anunciar medidas no combate à pandemia no Amazonas.

“Todos já sabem das cláusulas da Pfizer. Eu acho que eu não preciso repetir, mas eu vou ser sucinto: isenção completa de responsabilidade por efeitos colaterais de hoje ao infinito. Simples assim. Justiça brasileira abrindo mão de qualquer ação judicial sobre a empresa. Simples assim. Ad infinitum. [Além de] ativos brasileiros no exterior disponíveis como caução e um depósito ad eternum para futuras ações no exterior”, disse o ministro.

Pazuello afirmou que as quantidades oferecidas pelas farmacêuticas são “pífias” para atender a população brasileira.[Eu respondi à Pfizer:] ‘Tudo bem, vamos fazer desse jeito mesmo, porque é o que temos’. [Eles conseguem entregar] 500.000 em janeiro, 500.000 em fevereiro e 1 milhão em março. [Isso] com todas essas cláusulas. Então, ficou difícil para as vacinas importadas. Senhores, esta é a verdade. As vacinas que não são produzidas no Brasil têm quantidades pífias para o nosso país”, declarou.

O ministro ainda disse que o imunizante da farmacêutica norte-americana Moderna é caro e só estaria disponível em outubro. “Essa [vacina] da Moderna também é muito boa, mas ela custa US$ 37 a dose. Precisa compreender que a da Pfizer custa US$ 3,75 a dose. Eu pensei: ‘Tudo bem, deve ser a Ferrari. Eu quero’. [Responderam:] ‘Só outubro’. Como outubro? ‘Outubro’. Outubro de 2020? ‘De 2021’. E quantas? ‘Só 6.000.000 ou 5.000.000’. Discutir fica difícil, nesse caso. Pagar US$ 37 por dose e ainda precisa duas doses para entregar só em outubro de 2021″, disse Pazuello.

O ministro também falou sobre o andamento de outras vacinas desenvolvidas contra a covid-19. Segundo ele, o Ministério da Saúde tem acordo para adquirir de duas a 4 milhões de doses do imunizante russo Sputnik V até fevereiro, caso a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) garanta sua segurança e eficácia.

“A Anvisa está recebendo a documentação que, quando completa, poderá iniciar o processo de análise da Sputnik V. Neste caso, ainda nem começou a fase 3 de testes no Brasil. (…). Com isso, [o prazo] vai para abril ou maio. No caso da Sputnik, eu só fiz o memorando de entendimento para 50 milhões de doses. Quando andar um pouco mais, eu posso ir para um contrato, se a Anvisa garantir a eficácia e a segurança”, afirmou.

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