Movimentos negros saem em defesa do programa de trainee do Magazine Luiza

Escritores, personalidades e instituições ligadas a movimentos negros manifestaram apoio ao Magazine Luiza após a empresa anunciar, na última sexta-feira (18), que o programa de trainees de 2021 aceitará apenas candidatos negros.

Segundo empresa, o objetivo é levar mais diversidade racial aos cargos de liderança.

O Movimento Ar, mobilização contra o racismo criada pela Universidade Zumbi dos Palmares e a ONG Afrobras, divulgou nesta segunda-feira (21) nota elogiando a ação.

“A fantástica e transformadora ação da Magalu ao criar um grupo de trainees contemplando especialmente jovens negros, capitaneada pela visionária Luiza Helena Trajano, é uma manifestação de coragem e compromisso com o alcance da igualdade racial”, afirma o comunicado.

No texto, o movimento ainda considera a proposta “um esforço republicano de fortalecimento da democracia, combate as desigualdades e, sobretudo, valorização da dignidade humana.”

Sueli Carneiro, filósofa, escritora, diretora do Geledés, Instituto da Mulher Negra, e uma das principais articulistas da luta contra o racismo, usou seu perfil nas redes sociais para comentar o assunto.

Em postagem no Twitter, Sueli afirmou que a empresa “colocou o dedo na ferida. O pus vai jorrar de todos os lados.”

O anúncio também foi alvo de ataques no campo político. No sábado (19), o deputado federal e vice-líder do governo na Câmara, Carlos Jordy (PSL-RJ), acusou o trainee do Magazine Luiza de “crime de racismo” e disse que acionaria o Ministério Público.

O Magazine se manifestou respondendo às declarações do deputado.

“Estamos absolutamente tranquilos quanto à legalidade do nosso Programa de Trainees 2021. Inclusive, ações afirmativas e de inclusão no mercado profissional, de pessoas discriminadas há gerações, fazem parte de uma nota técnica de 2018 do Ministério Público do Trabalho”, respondeu a empresa em postagem no Twitter.

Em suas redes sociais, a escritora e filósofa Djamila Ribeiro relembrou um texto que escreveu para sua coluna na Folha de S. Paulo, e destacou que “Falar em racismo reverso é como acreditar em unicórnios”.

“Deixem de preguiça cognitiva. Ninguém é obrigado a saber, mas tem obrigação de buscar saber se pretende falar sobre. Para pessoas privilegiadas, a ignorância não é uma benção, a ignorância é desculpa para a manutenção do status quo. Como já disse Jurema Werneck, ‘a era da inocência já acabou, já foi tarde'”, escreveu ela em sua conta no Instagram neste domingo (20).

Outras empresas

Além da Magalu, Bayer, Gerdau, P&G e Banco BV estão com vagas de trainee e estágio abertas direcionadas para negros.

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