Flávio Bolsonaro diz ter sido vítima de ‘campanha de difamação’ tramada por ‘grupo político’

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, divulgou uma nota neste sábado (20) em que se diz vítima de uma “campanha de difamação” patrocinada por um “grupo político”. Segundo o parlamentar, o objetivo desse grupo seria “recuperar o poder que perderam na última eleição”.

O senador é apontado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro como chefe de uma organização criminosa que atuou em seu gabinete no período em que foi deputado da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Entre 2003 e 2018, ele cumpriu quatro mandatos parlamentares consecutivos.

Na nota, Flávio Bolsonaro não deixou claro a qual grupo político se referia. Ele afirmou ainda ser inocente de todas as acusações feitas por “seus inimigos”, mas tampouco mencionou quem seriam esses adversários. O senador também disse que seu patrimônio “é totalmente compatível com os seus rendimentos”.

Confira a íntegra da nota:

O senador Flávio Bolsonaro é vítima de um grupo político que tem patrocinado uma verdadeira campanha de difamação. Essas pessoas têm apenas um objetivo: recuperar o poder que perderam na última eleição.

Apesar dos incessantes ataques à sua imagem, Flávio Bolsonaro continua a acreditar na Justiça. Ele reafirma inocência em qualquer das acusações feitas por seus inimigos e garante que seu patrimônio é totalmente compatível com os seus rendimentos.

Tudo ficará inequivocamente comprovado dentro dos autos. A verdade prevalecerá”.

Investigação

Segundo o Ministério Público, uma organização criminosa operava um esquema de “rachadinha” no gabinete do senador quando ele era deputado estadual no Rio de Janeiro.

O termo “rachadinha” é usado para definir um esquema de repasse de parte do salário recebido por funcionários, servidores ou prestadores de serviço a um político ou a assessores dele.

A estimativa é que cerca de R$ 2,3 milhões tenham sido movimentados no esquema em que funcionários do então deputado devolviam parte do salário que recebiam na Alerj.

O dinheiro, segundo a investigação, era lavado com aplicação em uma loja de chocolates no Rio da qual o senador é sócio e em imóveis.
Na quarta-feira (18), a loja foi alvo de busca e apreensão na investigação sobre essas movimentações suspeitas por parte de ex-assessores, dentre eles o ex-policial militar Fabrício Queiroz.

De acordo com promotores, a organização criminosa existiu “com alto grau de permanência e estabilidade, entre 2007 e 2018, destinada à prática de desvio de dinheiro público e lavagem de dinheiro”.

O papel de Queiroz

O ex-PM Fabrício Queiroz, que trabalhou como assessor de Flávio Bolsonaro, é apontado pelo MP como operador do esquema. Segundo a acusação, ele empregava funcionários fantasmas e exigia parte do salário (ou mesmo a integralidade dele) de volta.

Ao todo, 13 funcionários teriam participado da chamada “rachadinha”. A Promotoria identificou o recebimento de 383 depósitos na conta bancária de Queiroz, em valores que, somados, passam de R$ 2 milhões.

Queiroz foi preso na quinta-feira (18) em uma casa em Atibaia, no interior de São Paulo. O imóvel pertence a Frederick Wassef, advogado do senador Flávio Bolsonaro.

O ex-assessor é representado pelo advogado Paulo Emílio Catta Preta, que disse ter assumido a defesa dele há poucos dias. Em entrevista no dia da prisão, o defensor afirmou que tinha tido apenas 20 minutos de conversa com Queiroz dentro do presídio de Benfica e, por essa razão, não poderia esclarecer todos os fatos relacionados à prisão dele.

Até o final de 2019, a defesa de Queiroz era feita por Paulo Klein, que deixou o caso por questões de “foro íntimo”. Na época em que deixou o caso, Klein afirmou ter convicção da inocência de Fabrício Queiroz e da família do ex-assessor.

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