OS BRINCOS DE GERVÁSIO: Ex presidente da ALPB gastou o triplo do orçamento divulgado para reforma do plenário e ainda deixou pontas soltas

É certo que desde as pirâmides egípcias os gestores gostam de deixar obras que testemunhem seu trabalho à frente de projetos. Quando foi presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba, Gervásio Maia deve ter sido inspirado pelo mesmo desejo que os antigos faraós tiveram: deixar um legado físico para a posteridade.

Mas a inspiração de Gervásio parece ter ido longe demais. A reforma da ALPB, tida como econômica pela propaganda de Gervásio, na verdade custou três vezes mais que o anunciado. Anunciada por R$ 1.992.893,58 (um milhão, novecentos e noventa e dois mil, oitocentos e noventa e três reais e cinqüenta e oito centavos), a obra de reforma do plenário consumiu, segundo o Sistema Integrado de Administração Financeira – SIAF, mais de R$ 6.000.000,00 (seis milhões de reais). Quase uma obra faraônica.

Inúmeras licitações foram realizadas para “repartir” o gasto. Assim como um consumidor que parcela bens caros em muitas prestações para não “sentir” o impacto do valor, a gestão de Gervásio também fracionou as aquisições para deixar a casa de Epitácio Pessoa “um brinco”. Na verdade, os brincos de Gervásio são dois, os dois lustres do plenário, que chamam atenção pela beleza e pelo custo (principalmente) e são quase um símbolo do processo.

Mesmo com os custos elevados, o capricho de Gervásio não satisfez o básico.Depois de tamanha divulgação, ressaltando a suposta economia, ao se iniciar os trabalhos legislativos da atual Legislatura, a deputada Cida Ramos (PSB) fez duras críticas às instalações de acessibilidade do recém inaugurado plenário, sendo necessária a paralisação das suas atividades por 15 dias para adequação.

A licitação inicial foi vencida pela empresa Ecolatina Empreendimentos Participação, com uma proposta de R$ 1.992.893,58 (um milhão, novecentos e noventa e dois mil, oitocentos e noventa e três reais e cinqüenta e oito centavos), porém foi pago a esta empresa o total de R$ 2.335.941,33 (dois milhões e trezentos e trinta e cinco mil e novecentos e quarenta e um reais e trinta e três centavos).

Inúmeras outras licitações foram feitas para complementar a obra, como a compra de equipamentos de ar condicionado, que consumiram R$ 600 mil, outros R$ 600 mil de câmeras para a TV Assembleia, outros R$ 200 mil com projetos arquitetônicos.

A obra da reforma foi ainda fracionada na compra de divisórias, que totalizaram R$ 516.321,10 pagos a empresa APEL Aplicações Eletrônicas Indústria e Comércio LTDA.

Foi, ainda, pago aproximadamente R$ 300 mil para a restauração da fachada da Assembleia, um patrimônio histórico tombado pelos órgãos de proteção, que teve suas portas principais trocadas sem a autorização de tais órgãos.

Chama atenção o gasto com móveis. A empresa Marelli Móveis para Escritório LTDA recebeu da gestão Gervásio Maia o total de R$ 1.830.612,30 (um milhão e oitocentos e trinta mil e seiscentos e doze reais e trinta centavos).

Elevados gastos, talvez não necessários, mas os “brincos de Gervásio” continuam cintilando cristais para lembrar aos deputados, sociedade e talvez o Tribunal de Contas do Estado que alguns projetos precisam ter orçamentos verificados.

 

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