Rodrigo Santoro vende droga que dá superpoderes em novo filme da Netflix

Imagine ir a um beco escuro e deserto, comprar uma pílula de um sujeito excêntrico e misterioso, tomá-la e, em vez de ter alucinações, picos de energia ou sensação de bem-estar, ganhar superpoderes. Esse é o efeito de uma nova droga ficcional, comercializada por Rodrigo Santoro em “Power”, filme da Netflix que estreia nesta sexta-feira (14).

Com direção de Henry Joost e Ariel Schulman, o longa original da plataforma de streaming imagina um mundo tomado por uma nova epidemia de drogas. O químico da vez dá a seus usuários habilidades vistas no reino animal, como regeneração, termorregulação e camuflagem, por cinco minutos. Mas também pode te matar instantaneamente.

A mistura de ação e ficção científica ganha forma com Jamie Foxx, que vive um ex-militar à procura da filha. Art precisa somar forças com uma adolescente aspirante a rapper, Robin (Dominique Fishback), e um policial, Frank (Joseph Gordon-Levitt), para pôr fim na empresa que criou a droga e resolver suas pendências familiares. E, para a tristeza dos brasileiros, isso inclui descer o sarrafo em Santoro.

E é em busca desse poder que surge na narrativa uma outra figura latino-americana: uma mulher que quer ser a mais influente da América do Sul ao controlar os cartéis de droga da região. Mas, enquanto os papéis de mocinhos ficaram com os americanos, não parece um tanto injusto e repetitivo os latinos incorporarem os perigosos traficantes da história?

“Não, eu não vejo dessa forma”, nega Santoro. “Inicialmente meu personagem ia ser feito por um ator de Nova Orleans [onde o filme se passa]. Ele nunca foi pensando para um latino, tanto que o nome dele não é latino”, diz sobre Biggie, uma alusão à palavra inglesa para “grande”, o que denuncia os superpoderes do personagem ao tomar a droga.

Santoro explica que teve certa preocupação ao receber a proposta para o papel, mas ao falar com os diretores de “Power”, percebeu que suas origens brasileiras pouco importavam para a trama. Biggie é um vendedor, resume ele, que não precisa ter suas raízes exploradas.

Além disso, a droga fictícia inebria todos os personagens em cena —todos acabam se envolvendo com ela, cada qual à sua maneira. É um paralelo para os tempos hiperconectados em que vivemos, analisa Jamie Foxx por videoconferência.

“É bizarro porque ela reflete o que vivemos. Se você olhar o Instagram, ele é um reflexo de ‘Power’. Todo mundo quer aquilo, todo mundo usa, mas se você comentar algo maluco, ele explode em você. Mas nós não conseguimos parar de consumir isso”, diz.

“Hoje eu sei que preciso me aproveitar do sistema da mesma forma que ele se aproveita de mim. Você é jovem, negra, mulher. O sistema foi projetado para destruir você”, diz o personagem de Foxx a Robin, quando ela explica que está fora da escola, vendendo a superdroga, porque a mãe não tem como bancar um tratamento médico.

“Eu não sei se o filme quer transmitir algo exatamente, mas ele definitivamente tem aspectos que se relacionam com os tempos atuais. Tem uma cena, por exemplo, em que digo ao personagem do Jamie que ter feito coisas ruins não torna ele uma pessoa ruim. E isso é um comentário social, gravado muitos antes do que aconteceu nos Estados Unidos”, afirma Fishback em relação aos protestos do Black Lives Matter que recentemente tomaram o país.

“É muito excitante a ideia de tomar uma pílula e ganhar superpoderes, mas na vida real nós não temos algo assim. Então no filme a minha personagem descobre qual é o seu verdadeiro poder aprendendo a usar a própria voz. O que eu acho que vai acontecer é que as pessoas vão assistir ao filme e questionar qual é o poder que está lá dentro delas.”

POWER

  • Onde Disponível na Netflix
  • Classificação 16 anos
  • Elenco Jamie Foxx, Dominique Fishback, Rodrigo Santoro e Joseph Gordon-Levitt
  • Produção EUA, 2020
  • Direção Henry Joost e Ariel Schulman
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