Como fazer o dinheiro sobrar no fim do mês para investir?

Como guardar uma parcela da renda mensal diante de diversas contas a serem pagas? Com o objetivo de ajudar quem quer desenvolver o hábito de poupar e investir, visando a construção do patrimônio a longo prazo.

Para isso, foram estabelecido diferentes cenários: para quem ganha R$ 5.000, R$ 10 mil e R$ 15 mil por mês e tem pelo menos 50% da renda tomada por despesas pessoais. Confira abaixo.

O compromisso financeiro de poupar

De acordo com os entrevistados, o maior erro é pensar em acumular parte da renda apenas depois de ter finalizado todos os compromissos financeiros —como pagar todas as contas, por exemplo. Neste sentido, uma dica importante é iniciar o planejamento no início do mês e inserir a economia como uma conta a ser paga.

Para Jayme Carvalho, planejador financeiro certificado pela Planejar (Associação Brasileira do Planejamento Financeiro), um primeiro passo é separar os gastos entre essenciais, sociais e aqueles para reserva de emergência e aposentadoria. Isso porque é comum que mesmo pessoas com renda mais elevada não tenham uma reserva de emergência ou economias para o futuro.

Quando há um aumento na renda, a pessoa tem mais espaço para gastos sociais e de aposentadoria ou reserva. O primeiro passo é separar esse dinheiro. Ela não deve esperar sobrar, porque muitas vezes não sobra.
Jayme Carvalho, planejador financeiro certificado pela Planejar

Faça um pente fino nas despesas

Um segundo ponto fundamental é identificar quais despesas são necessárias e aquelas que podem ser retiradas da conta. Pode ser interessante separar as despesas entre fixas (aluguel, contas de luz, escola e plano de saúde etc.) e variáveis (alimentação, transporte, cuidados pessoais e de lazer), de acordo com Diego Cordeiro, assessor da Aplix Investimentos.

Depois, vale ter as despesas anotadas em um papel, inseridas em planilhas de Excel ou aplicativos de gestão financeira, para que o consumidor tenha a noção mais precisa do quanto sobra da sua renda.

Em uma etapa seguinte, pode ser válido iniciar a poupança da reserva de emergência e aposentadoria.

“A reserva de emergência deve suprir as necessidades de pelo menos seis meses sem alterar o padrão de vida, e de um ano, reduzindo esse padrão”, afirma o economista da casa de análises Top Gain, Bruno Cesar Cotrim.

Essa economia mensal pode ser dividida entre 20% para a reserva e aposentadoria e 30% para investimentos, segundo o CEO da Box Asset Management, Fabrício Gonçalvez.

“No atual cenário de [alta da] inflação [o IPCA chegou a 10,38% nos 12 meses até janeiro], quanto mais economizar com gastos supérfluos, melhor será a administração”, diz.

Comece com investimentos conservadores

Um erro comum de investidores iniciantes é começar com produtos de alto risco visando a possibilidade de retorno elevado, segundo Diego Cordeiro, da Aplix Investimentos.

“A reserva é como o caixa de uma empresa: sem o caixa, a companhia vive em dificuldades”, afirma. Ele entende que é preciso guardar pelo menos 10% para a aposentadoria, por exemplo.

E, para evitar perdas imprevistas, é interessante olhar primeiro os títulos de renda fixa com liquidez diária, como os CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) e aqueles do Tesouro Selic. Além disso, o investidor pode buscar os LCIs (Letra de Crédito Imobiliário) e as LCAs (Letra de Crédito do Agronegócio).

Quando a pessoa está iniciando no mundo dos investimentos, sempre oriento os produtos de renda fixa, a fim de entender as movimentações da aplicação e como funciona a questão dos juros compostos.
Bruno Cotrim, economista da casa de análises Top Gain

No jargão do mercado, juros compostos é quando o investidor aumenta o retorno ao investir os ganhos novamente.

Os CDBs são produtos em que, basicamente, o investidor empresta dinheiro para instituições financeiras visando o pagamento de juros no prazo de vencimento. Com o Tesouro Selic, o processo é similar, mas o título é ofertado pelo governo.

Já no caso das LCIs e LCAs, o dinheiro dos investidores repassado aos bancos é oferecido para os participantes do mercado imobiliário e do agronegócio, com a vantagem da isenção do Imposto de Renda para o investidor.

Para Jayme Carvalho, é preciso considerar o nível de conhecimento do investidor sobre o mercado. Assim, as primeiras iniciativas podem ser adotadas mesmo com a poupança. Com o tempo e mais confiança, ele pode buscar outras opções, o que passa não só pela renda fixa, como também pela renda variável.

“À medida que ele vai tendo um melhor entendimento, pode ter uma carteira mais diversificada. É interessante ter a renda fixa, e também a renda variável, desde que o seu perfil de investidor permita esse tipo de produto ou ele tenha ajuda de um profissional”, declara Jayme.

Na renda variável, os fundos imobiliários (FIIs) podem ser uma boa alternativa, segundo Bruno Cotrim, da Top Gain. Ao mesmo tempo em que a administração é feita por gestores profissionais, os FIIs são uma uma forma de investir em diferentes produtos e empresas com poucos recursos.

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