Vacina da Johnson & Johnson gerou anticorpos em 98% dos participantes

A vacina contra o novo coronavírus desenvolvida pela Johnson & Johnson conseguiu induzir uma forte resposta de anticorpos neutralizantes em quase todos os participantes com 18 anos ou mais e foi bem tolerada, após a aplicação de apenas uma dose. As respostas imunes se mostraram semelhantes em todos os grupos etários estudados, incluindo os adultos mais velhos. Esse resultado é particularmente importante, já que os idosos estão entre os grupos de risco para formas graves da doença.

Os resultados positivos permitiram o início do estudo fase 3, que busca comprovar se essa resposta imune é capaz de prevenir a doença, em especial casos moderados e graves, além de comprovar sua segurança em milhares de pessoas.

De acordo com o estudo, publicado na sexta-feira, 25, na plataforma MedRxiv, que reúne análises antes de sua revisão por partes, 99% dos participantes entre 18 e 55 anos de idade apresentaram anticorpos detectáveis e 98% dos participantes apresentaram anticorpos neutralizantes no 29º dia pós-vacinação. A vacina ainda induziu fortes respostas de células T, outro componente fundamental na defesa do organismo, bem como resposta de Th1, que acredita-se ser protetora contra o risco de doença respiratória intensa associada à vacina.

Em relação aos adultos mais velhos, com idade a partir de 65 anos , os dados sobre a imunogenicidade (capacidade de desencadear uma resposta imunológica) só estavam disponíveis para 15 participantes na época da divulgação dos dados. Mas os resultados mostraram forte resposta de anticorpos e células desencadeada em todos os participantes idosos que receberam uma única dose da vacina.

Esses dados foram consistentes com os resultados publicados anteriormente na revista Nature, no qual uma única dose da vacina impediu infecções subsequentes e forneceu proteção completa aos pulmões de primatas não humanos.

Segurança

A vacina também se mostrou bastante segura. A maioria dos eventos adversos relatados foram de leve a moderados e comumente ocorreram no dia da vacinação. Os principais foram dor no local de aplicação, fadiga, dor de cabeça e dor muscular. Os sintomas desapareceram no mesmo dia ou no dia seguinte, na maior parte dos casos.

De acordo com a Janssen, braço farmacêutico da Johnson & Johnson à frente do desenvolvimento da vacina, dois eventos adversos graves foram reportados: hipotensão e febre. Os investigadores concluíram que a hipotensão não estava associada à vacina. O participante com febre foi hospitalizado devido à suspeita de Covid-19, mas se recuperou dentro de 12 horas. Nenhum evento adverso com risco de vida foi relatado.

O estudo de fase 1/2 reuniu cerca de 500 voluntários adultos saudáveis de 18 a 55 anos, e maiores de 65 anos, nos Estados Unidos e na Bélgica. O objetivo desta etapa é avaliar a segurança, reatogenicidade e imunogenicidade da vacina desenvolvida pela Janssen em duas concentrações, administradas em esquemas de dose única ou duas doses, com oito semanas de intervalo entre elas. O teste é randomizado e duplo-cego, o que significa que os pacientes são selecionados de forma aleatória para receber a vacina ou um placebo e nem pesquisadores nem voluntários sabem quem está recebendo o que.

A Ad26.COV2.S, nome da vacina desenvolvida pela farmacêutica americana, é considerada uma das mais promissoras contra a doença. Os motivos para o otimismo incluem o fato de ser a única, até o momento, administrada em dose única; a facilidade de armazenamento, que não demanda temperaturas negativas, e a capacidade de produção em larga escala. A Janssen se comprometeu a produzir 1 bilhão de doses do imunizante em 2021 e a comercializa-lo a preço de custo durante a pandemia.

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